Imagem ilustrativa da imagem Novidade, Enem digital é aposta em oferecer nova experiência a alunos

A versão digital do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) é, sem dúvidas, uma das principais novidades trazidas pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). A intenção da entidade que organiza o Enem é de migrar do papel para as telas, de forma definitiva, até 2026. Para esta primeira edição, o Inep confirmou 96.086 candidatos dos 101.100 que inicialmente se inscreveram. Este número representa 1,66% do total de 5.783.357 inscritos somando à versão impressa. As datas de aplicação da prova digital estão marcadas para 31 de janeiro (primeiro dia) e 07 de fevereiro (segundo dia). O tempo e formato das provas serão os mesmos da versão impressa.

Em diversos aspectos, o Enem Digital será um desafio para quem aplica e, sobretudo, aos candidatos. Sobre essa mudança, a Folha ouviu dois profissionais do Colégio Marista de Londrina. A analista de tecnologia educacional, Alessandra Garcia, acredita que a prova digital vai surpreender os alunos com as várias possibilidades de apresentação dos dados. “Um link, um podcast, um vídeo, uma imagem em 3D. Por outro lado, na prova impressa o professor fica limitado quanto ao tipo de recurso que pode dispor ao aluno. Penso que (o Enem Digital) fará uso de muitos desses recursos”.

O coordenador do Ensino Médio, Nilson Douglas Castilho, não desconsiderou a importância de concretizar um novo modelo de provas, mas ponderou essa inserção da tecnologia na educação. “A pandemia acelerou esse processo. Hoje nossos alunos ainda estão acostumados à prova no papel. Acredito (que o Enem Digital) ganhará força, mas será necessário que tanto a educação pública quanto a privada estejam alinhados a todas as demandas que surgirem”, comentou. Segundo ele, a tecnologia pode contribuir no sentido de facilitar a gestão por resultados, evitando possíveis falhas humanas e ajudando gestores educacionais a primar por uma aprendizagem personalizada. “Há toda uma aposta na tecnologia, e o Enem não foge à regra”, completou.

Nova postura

Alessandra Garcia disse à FOLHA que “independente se está em um papel ou na tela do computador, prova do Enem é prova do Enem”. Esta frase deixa claro que a versão digital vai demandar do aluno o mesmo comprometimento do modelo tradicional. Quanto à postura, Nilson Castilho apontou fatores que devem ser considerados para um bom desempenho. “Apesar de nascidos em uma era tecnológica, nem sempre o digital é familiar a todos. O aluno deve questionar se está preparado para ficar muito tempo lendo em tela. Fazer uma prova em frente ao computador não significa que levará vantagem a quem fará a prova no papel. Ele (aluno) pode se cansar facilmente”.

Ponto de vista

No Colégio Marista de Londrina, apenas três alunos se inscreveram para o Enem Digital. Castilho justificou que a novidade pode gerar reações diferentes. “Existe uma questão cultural já citada, além do medo de lidar com um suporte diferenciado, em não saber como serão as circunstâncias. Os inscritos me disseram que se motivaram justamente pelo ‘novo’”. Para o professor, o aluno que tem um perfil de não ter medo de arriscar, ou que não dependem exclusivamente do Enem para ingressar na faculdade, também podem formar um grupo que escolherá a nova versão nos próximos anos.

Analista de tecnologia educacional, Garcia diz que o exame “foi bem pensado e organizado”, e sustenta os argumentos de que o Enem digital será benéfico à classe educacional. “Com o artifício da inteligência artificial, haverá uma maior capacidade de avaliar as habilidades e competências do candidato que tirou nota final 800, que diferem do aluno que tirou 400, por exemplo. A plataforma digital será mais rápida e detalhada. Uma avaliação mais personalizada, que esperamos que esse seja dada ao aluno”.