A Petrobras iniciou o processo de desinvestimento da ANSA há dois anos. Na tentativa de vender a empresa, as negociações avançaram com a companhia russa Acron Group, mas a compra não chegou a ser efetivada. Com a decisão de suspender as operações da unidade por considerar financeiramente inviável, a petrolífera afirma que dá continuidade à sua estratégia de sair do segmento de fertilizantes e focar em ativos que gerem maior retorno financeiro.

“A Petrobras fez uma escolha de encarecer a própria matéria-prima para produzir os fertilizantes. Foi uma decisão política e não técnica, mas é uma decisão equivocada”, criticou o diretor da FUP (Federação Única dos Petroleiros). Desde 2017, a petrolífera vem desativando as unidades de produção de fertilizantes. Em novembro passado, a estatal anunciou o arrendamento de outras duas unidades produtoras de fertilizantes nitrogenados que estavam hibernadas, uma na Bahia e outra em Sergipe. Uma quarta indústria de fertilizantes começou a ser construída no Mato Grosso do Sul, mas a obra está parada desde 2014.

Inaugurada em 1982, a ANSA tem capacidade de produção de 1.975 toneladas de ureia por dia e 1.303 toneladas diárias de amônia, além de 450 metros cúbicos/dia de ARLA 32, composto químico de uso obrigatório injetado no sistema de escapamento de caminhões para reduzir os danos ambientais. A planta produz ainda 200 toneladas/dia de CO2,75 toneladas/dia de carbono peletizado e seis toneladas/dia de enxofre.

Segundo a FUP, com o fechamento da unidade de Araucária, o Brasil passaria a importar 100% dos fertilizantes nitrogenados de que necessita, gerando impacto na balança comercial. “Hoje, o Brasil produz de 7% a 10% de tudo o que se consume no País e importava cerca de 90%. Agora, vai ter de importar tudo”, disse Castellano.

Além do apoio de entidades nacionais representativas de trabalhadores, o diretor da FUP adiantou que a categoria adotará ações políticas e jurídicas no sentido de evitar o encerramento das atividades na ANSA. “Vamos conversar com o governador porque é do interesse do nosso Estado a questão dos empregos e a questão dos negócios. Vamos tentar mostrar para a sociedade os riscos de a gente perder toda a nossa produção nacional e ficar dependente das oscilações do mercado.”

Para o presidente da SRP (Sociedade Rural do Paraná), Antônio Sampaio, o encerramento das atividades da ANSA é “irrelevante” para a agricultura nacional. “A ureia produzida em Araucária é muito fina, ninguém quer. O consumo interno do fertilizante produzido aqui é irrelevante. Há muitos anos é tudo importado”, afirmou. “Não vai haver impacto no nosso custo (a suspensão da operação da ANSA).”

A ANSA, informou a Petrobras, permanecerá hibernada em condições que garantam “total segurança operacional e ambiental, além da integridade de equipamentos”.(S.S.)