Pesquisas realizadas em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), apontam que a soja preta é capaz, inclusive, de substituir o feijão do prato mais tradicional dos brasileiros e não apenas ser um complemento de refeição. De qualquer forma, vale dizer: como não tem carboidratos, ela não vai gerar aquele caldo típico de uma boa panela de feijão. A mistura, portanto, pode ser um melhor negócio. “A soja preta tem uma textura mais macia do que comparada à marrom (trabalhada anteriormente pela pesquisa) e a amarela,com sabor bem agradável”, explica a pesquisadora da área de melhoramento genético vegetal da Epamig, Ana Cristina Pinto Juhász.

A cultivar foi considerada nas avaliações sensoriais como suave e bem aceita no preparo de saladas, na mistura com feijão preto e até mesmo na elaboração de “sojoada”, ou feijoada de soja preta. “No tempo de cozimento ela foi mais rápida que o feijão (cerca de 30% mais rápida) e também que as cultivares lançadas anteriormente. Como ela tem duas vezes mais proteína que o feijão, pode ser usada em dietas. Agora, como não gera aquele caldo, uma ideia é cozinhar metade de quantidade de cada, porque aí se incrementa na proteína e ainda se tem o caldo do feijão”, avalia Juhász.

Outro ponto é que a BRSMG 715A não solta tegumento. “Os grãos também não têm a casquinha (tegumento) e não formam espuma na panela de pressão durante seu cozimento, características que as cultivares para indústria possuem e que o consumidor não aprecia”, explica.

Os grãos da soja preta possuem grande quantidade de ácidos graxos monoinsaturados, o que lhes confere maior estabilidade oxidativa. Ao comparar, por exemplo, com a capacidade antioxidante da BRSMG 715A, a Embrapa concluiu que a soja preta tem pelo menos 1,8 vez mais atividade antioxidante que a soja amarela. Isso significa que a nova variedade tem maior capacidade para prevenir o envelhecimento.

A pesquisadora Priscila Bassinello, da Embrapa Arroz e Feijão (GO), fez uma colaboração preliminar e disse à reportagem da FOLHA Rural que as duas leguminosas - feijão e soja preta - têm perfil de antioxidantes similares. Os efeitos na saúde, entretanto, podem ser diferentes. “São fontes de antioxidantes semelhantes, mas é preciso fazer uma análise do perfil dos compostos, o que não foi explorado ainda. “Podemos dizer que, com atividade antioxidante maior, a soja preta pode colaborar com o bom funcionamento de órgãos como o coração e também proteger o organismo contra doenças degenerativas (artrite, aterosclerose, diabetes e câncer), relacionadas aos danos causados pelo oxigênio extremamente reativo”. (V.L.)