A Vitória contra o câncer de mama

O câncer carrega o estigma da mutilação da vida, ao de mama acrescenta-se ainda o ataque à autoestima

Publicado sábado, 19 de outubro de 2019 | Autor: Laís Taine às 00:00 h

Imagem ilustrativa da imagem A Vitória contra o câncer de mama

A Descoberta e a luta

REPORTAGEM: LAÍS TAINE

Ela apalpou o seio e no dedilhar do corpo encontrou a textura desconhecida. O ar frio escalou a espinha, o cabelo arrepiou, a boca ficou seca e o esbugalhar dos olhos ficou lento perto do que foram aqueles pensamentos. Vida, morte, filhos, marido, vida, emprego, morte, sonhos, morte, família, vida. Respiro. Morte, cabelos, seios, pele. O câncer carrega o estigma da mutilação da vida, ao de mama acrescenta-se ainda o ataque à autoestima.

De acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva), as estimativas de incidência de câncer de mama no Brasil para o ano de 2019 são de 59.700 casos novos, o que representa 29,5% dos cânceres em mulheres. Desses, 3.730 estão no Paraná.

Em 2016, mais de 16 mil mulheres morreram da doença, as maiores taxas são das regiões Sul e Sudeste do País. Apesar do número alto, a cura não é inatingível. “Quanto mais cedo um tumor invasivo é detectado e o tratamento é iniciado, maior a probabilidade de cura”, destaca a publicação A situação do Câncer de Mama no Brasil: Síntese de Dados dos Sistemas de Informação, divulgada neste ano pelo Inca.

Em 2019, 60 mil pessoas poderão ser diagnosticadas com câncer de mama no Brasil

Se quanto mais cedo é a descoberta, a médica mastologista Beatriz Daou Verenhitach faz o alerta sobre os exames disponíveis. “Se o objetivo é descobrir o tumor no menor tamanho possível, a mamografia é a melhor indicação, pois ela detecta um tumor de aproximadamente 5 mm, enquanto o autoexame localiza o tumor de 1 a 1,5 cm em média”, afirma.

Além disso, muitas mulheres podem se sentir confusas ao apalpar os seios e, por um diagnóstico errado, acabam deixando de ir ao médico. “Há muita limitação, pois se trata de um exame feito na própria mama por uma pessoa que não tem conhecimento técnico”, destaca.

Mesmo assim, o autoexame é recomendável quando se tem um outro olhar. “É preciso entender que um autoexame negativo não vai liberar a mulher de ir ao médico ou de fazer a mamografia, mas ele é interessante para o autoconhecimento da mama, para que a mulher perceba uma eventual alteração”, defende.

A recomendação é de que as mulheres se examinem uma semana após a menstruação e, aquelas que não menstruam, escolham uma data do mês para eliminar as variações naturais do corpo. Sobre a mamografia, a médica segue a SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia), que indica que mulheres acima de 40 anos façam o exame anualmente.

AUTOESTIMA

A prevenção é um ato de amor, mas esse olhar para o próprio corpo deve ser constante. Para as mulheres que receberam o diagnóstico da doença, o autocuidado é ainda mais relevante. “A autoestima é importante para que elas se mantenham ativas, o que é fundamental para o tratamento. Se estiverem dispostas, elas devem continuar em suas atividades habituais, saindo, trabalhando, cuidando da casa. Estatisticamente, mulheres que se mantêm ativas têm menos recorrência de depressão”, afirma Daou Verenhitach.

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É nesse aspecto que o amor-próprio se torna ferramenta de tratamento, pois as pessoas que se sentem bem emocionalmente, se reconhecem para além da doença. Mas quando se fala de um tratamento agressivo, como mastectomia e quimioterapia, que também afetam a imagem, é preciso discutir sobre a autoestima.

“É preciso incentivar outras formas de estética, outras formas de elas se olharem e se sentirem confortáveis. Não é só fazer o toque mamário, se você se olha diariamente, percebe as mudanças do seu corpo, vai se gostar, se amar e ter hábitos mais saudáveis, o que não é só se alimentar e fazer exercícios, é se perceber, estar atenta com seu corpo”, afirma a psicóloga do HCL (Hospital do Câncer de Londrina), Giovanna Jota.

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Gostar e cuidar de si precisa ser algo frequente na vida de qualquer pessoa e não apenas nos pacientes doentes. “Quando as pacientes chegam até mim, elas estão na quimioterapia. Eu acompanho a transformação corporal, a queda do cabelo [quando tem], elas chegam com muitas incertezas e medos, pois, socialmente, nós temos um estigma muito grande em relação ao câncer e à quimioterapia”.

E, não precisa ser assim. Em apoio à campanha Outubro Rosa, que incentiva a prevenção do Câncer de mama, o Especial Transmídia conta histórias de mulheres que superaram a doença e relatam como a amor-próprio e o autocuidado foram ferramentas essenciais em seus tratamentos e recuperação.

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Um toque para a autoestima

“Infelizmente, eu não tinha o hábito de me tocar. Eu ouvia essas campanhas no jornal, eu vestia camisa rosa, trocava a foto do perfil no Facebook, mas eu não fazia o autoexame”, recorda a psicóloga Adriane Cantone, 31.

Há três anos, no banho e sem pretensão, ela descobriu um caroço no seio. Sem dar a devida importância, levou algumas semanas para investigar. O diagnóstico veio no dia 30 de maio de 2016. “Carcinoma ductal in situ. Não vem escrito: ‘câncer’, o exame tinha três linhas de conclusão, eu liguei para uma amiga da área da saúde, ela falou que era um câncer de mama maligno”, conta. Só então ela entendeu que poderia ser grave.

Cantone conta que não é fácil receber a notícia. Ela e a mãe choraram com a notícia, pensar no marido e na filha de 1 ano e nove meses na época aumentou ainda mais a dor, mas ela afirma que nunca perdeu a fé de que poderia resgatar a saúde.

Adriana Cantone
Adriana Cantone

Apesar de conhecimento técnico da psicologia, foi a espiritualidade que tornou o processo menos doloroso. “Meu alicerce foi espiritual, isso fez toda diferença”, comenta. Confiar e decidir lutar foram ações fundamentais para que ela pudesse enfrentar o processo com mais leveza, isso ficou expresso até no seu comportamento. “Eu me assumi careca, eu não quis usar lenço”, afirma.

Ter esse nível de compreensão não é algo simples, mas Cantone tem um marco nisso tudo. Sete de julho de 2016 foi o dia em que ela decidiu participar de uma oficina no CAPC (Centro de Apoio a Pessoas com Câncer), quando optou, sem programação, raspar o cabelo. “Eu já estava em tratamento, fazendo quimioterapia. Naquele dia, eu acordei e metade do meu cabelo ficou no travesseiro. Então, eu o amarrei e fui para a reunião planejando ir ao cabeleireiro nos próximos dias, mas na oficina eu me senti tão amada, tão querida, que eu tomei a decisão lá mesmo”, recorda.

O diagnóstico veio no dia 30 de maio de 2016. “Carcinoma ductal in situ. Não vem escrito: ‘câncer’. O exame tinha três linhas de conclusão, eu liguei para uma amiga da área da saúde, ela falou que era um câncer de mama maligno.” Adriane Cantone, 31 anos

Perdeu os cabelos, ganhou um sentido. “Quando eu me vi careca eu comecei a chorar de felicidade. Como pode em uma situação dessa, chorar, sentir isso?”. Hoje, Cantone é coordenadora do CAPC, centro em que ela atua com a força da experiência pessoal e profissional. Com o grupo, ela tenta trazer a autoestima que ela diz não ter perdido. “Eu passei por duas mastectomias radicais, eu fiquei um ano e meio sem seio, é uma mutilação total”, afirma. Ela passou por 32 sessões de quimioterapia, 30 de radioterapia e várias cirurgias. “Isso não doía em mim, porque eu sabia que era uma fase do meu tratamento.”

Fase baseada na fé e na maturidade de o amor próprio é ferramenta fundamental antes, durante e depois dos procedimentos que o câncer obriga a fazer para restabelecer a saúde. “A autoestima é muito importante no processo do tratamento, pois o câncer é uma doença psicossomática. Tudo aquilo que você não resolveu a vida inteira, de perdão, sobrepeso, bebida alcoólica, às vezes a pessoa precisa de um estalo para perceber que a vida dela tem valor”, afirma.

Agora curada, o que faz é incentivar mulheres com câncer a se redescobrirem e se amarem como são, independentemente de qualquer transformação externa que tenham que passar. “Se eu conseguir fazer com que essa mulher entenda o valor dela, que nada vai derrubar ela, e que elas até podem usar ferramentas para driblar isso, se quiserem e se se sentirem bem, está ótimo. Cada uma tem um jeito de lidar e a gente tem que respeitar, se você se sente bem careca, então é desse jeito que vai”. Desse jeito ela foi.

Outubro Rosa é todos os dias

Cilene Gimenes, 42, e o marido fizeram o possível para ter um filho. Foram oito anos tentando, duas inseminações, mas Maria Sophia veio quando quis, naturalmente, há quatro anos. O sonho da maternidade estava latente quando a comerciante descobriu um caroço no seio em meio às 38 semanas de gestação. “Às 7h eu fiz punção para a biópsia, às 13h30 do mesmo dia eu fiz meu último pré-natal”, recorda.

Último, porque a bebê estava programada para nascer no dia 9 de outubro, mas com os resultados o médico adiantou o parto para que ela iniciasse o tratamento. “Ele viu o primeiro exame e falou: ‘seu parto vai ser amanhã’. Foi um susto, eu perguntei o motivo. Ele sabia, mas eu não tinha confirmação ainda, tinha suspeita apenas”, lembra. A comprovação veio após o nascimento de Maria Sophia. “No dia 6 de outubro eu saí com uma bebê nos braços e com o resultado do exame confirmando o câncer.”

O primeiro contato com a doença não foi fácil. “Eu não associava, pensava: ‘meu Deus, minha filha acabou de nascer e eu vou morrer? Meu sonho foi realizado e eu vou perder?’”, questionava-se. O que não durou muito, a comerciante passou a lidar com a doença como um processo que ela precisava enfrentar, tentando enxergar com outros olhos.

Cilene Gimenes
Cilene Gimenes

Embora, não sem dor. Recordar o dia em que raspou o cabelo ainda arranca lágrimas. “Na época eu não chorei, não falava para ninguém, mas eu sofri sim, porque isso mexe com a autoestima”, emociona-se. Enxergar beleza para além das consequências do tratamento passou a fazer parte do desafio.

Para driblar, Gimenes chegou a usar perucas, fez micropigmentação nas sobrancelhas, usou maquiagem e passou a assumir os cabelos curtos. O desenvolver do se redescobrir em meio ao conflito amadureceu os questionamentos sobre o belo. Ao chegar da mastectomia, sete meses depois, nada mais a abalou. “Eu terminei a cirurgia agradecendo pela minha saúde, pela saúde da minha filha, nunca se o seio estava bom ou não, se eu estava bonita ou não”, afirma.

Recordar o dia em que raspou o cabelo ainda arranca lágrimas. “Na época eu não chorei, não falava para ninguém, mas eu sofri sim, porque isso mexe com a autoestima”, emociona-se. Enxergar beleza além das consequências do tratamento era parte do desafio. Cilene Gimenes, 42 anos

Continuou usando apoio, colocou prótese de silicone, fez a reconstrução da auréola com micropigmentação e viveu o equilíbrio entre olhares da sociedade sobre seu corpo, o próprio olhar sobre si mesma e a autoaceitação. “Claro, eu aprendi a me maquiar e a minha autoestima melhorou mais ainda quando fiz a micropigmentação no seio, mas no fim disso tudo, o que a gente tira de lição é que o importante é estar viva. A doença mexe muito com o psicológico, não foi fácil, mas eu venci”, conta.

A ferramenta: amor-próprio, peça fundamental para que vivesse com um olhar mais ansioso pela vida e que julga tão necessária quanto o tratamento da saúde física. “Acho muito importante a questão do psicológico, é preciso estar bem com nós mesmas, é um assunto tão sério e tem gente que faz pouco”, defende. Mas esse processo começa muito antes, com o olhar atento e cuidadoso sobre o corpo e a mente. “A mulher tem que se tocar, tem que sentir no toque, porque Outubro Rosa é todos os dias”, salienta.

Mulheres vitoriosas

Se fisicamente o tratamento traz efeitos colaterais difíceis de lidar, emocionalmente o processo não precisa ser tão doloroso. Nos momentos mais frágeis, muitas mulheres se redescobriram, encontraram novas formas de viver sua feminilidade. Essa superação foi registrada pelo fotojornalista Marcos Zanutto, que mantém há cinco anos o projeto Ensaio Essência que busca valorizar o universo feminino através do retrato.

Em especial ao Outubro Rosa, o fotojornalista elaborou uma exposição focada em mulheres que sobreviveram ao câncer de mama e agora contam com orgulho suas histórias. Nesta fotorreportagem, conheça a trajetória de seis delas que vivenciaram de formas diferentes o processo de cura que envolve superação física, mental e social. A exposição fotográfica Essência acontece em Londrina, ainda esse mês.

ADRIANA CANTONE, 31 anos, psicóloga.

Há três anos descobriu um câncer na mama. Passou por 32 sessões de quimioterapia e 30 de radioterapia; duas mastectomias radicais, além de várias outras cirurgias. Adriane avalia que foram dias difíceis, porém graças à sua fé conseguiu superar o Câncer de Mama e hoje é uma nova mulher. Com uma nova expectativa de vida, mais forte e muita gratidão por estar viva.

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ANDREA SARDI, 48 anos, representante comercial.

Foi diagnosticada com câncer de mama há cerca de um ano. Depois do susto e da inevitável tristeza que o diagnóstico trás, acredita que tira desse episódio uma grande lição, vivenciou uma grande experiência de amor e carinho vindo de amigos e familiares. Sai fortalecida e uma pessoa melhorada, segundo ela.

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CILENE GIMENES, 42 anos.

A descoberta do Câncer de Mama veio em um dia em que toda a família comemorava a chegada da Maria Sofia. Horas depois de dar à luz, em uma consulta, o médico de Cilene lhe deu o diagnóstico que mudou sua vida e de todos os seus familiares. Mas a pequena veio para dar forças para a mamãe lutar contra a doença e querer viver ainda mais, não aceitando a notícia como uma sentença de morte.

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CRISTIANE VANZELA, 42 anos, empresária.

O ano de 2015 foi um divisor de águas para Cristiane. Foi diagnosticada com câncer de mama, passou por cirurgias, sessões de quimioterapia e todas as dificuldades que o tratamento implica. No entanto, conseguiu se adaptar e levar a vida normalmente, trabalhando, cuidando da família que tanto a apoiou e, mais do que nunca, cuidando de si mesma.

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GISLAINE MIQUELÃO,38 anos, nutricionista

A descoberta do câncer de mama veio em 2015, levando à mastectomia radical e inúmeras sessões de quimioterapia. O apoio da família e o carinho dos amigos foram como um poderoso remédio para superar a doença. Sua mudança de vida consiste em dar valor a pequenas coisas e a enxergar as pessoas que a cercam, ainda que sejam desconhecidas.

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PATRICIA FIGARO, 44 anos, relações públicas.

O diagnóstico de câncer de mama, aos 40 anos, mudou sua vida. Segundo Patricia, superar a doença fez dela uma mulher mais forte e corajosa, que aprendeu a aproveitar todos os momentos da vida de forma mais intensa, seja cuidando da família, dos amigos do trabalho, com alegria e de forma equilibrada, sem deixar de pensar em si. Depois de passar por todo o tratamento, encara as adversidades com mais tranquilidade e muita fé.

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Cura que vem de dentro

Quando se tem a certeza que a beleza vem de dentro, fica menos doloroso lidar com a doença. Essa afirmação foi constatada por Ana Carolina Sanches, 40, que sem afrouxar o sorriso que vai de orelha a orelha, não deixou de colocar o batom predileto antes de sair para uma quimioterapia. Manter a autoestima durante o tratamento pode ser difícil, mas a professora acredita que é um dos remédios que muitas mulheres precisam para se manterem alegres, apesar das dores.

Ana Carolina Sanches
Ana Carolina Sanches

“Eu me mantive bonita, eu me maquiava, colocava brincão e saía. Eu continuei feliz, como sempre fui e sou”, conta a professora. O estado de espírito continua irradiando no tom de voz firme, na risada forte e no dom para a conversa sem dispersão. Foto do tempo careca está no porta-retrato no canto da sala, e ela logo tira outra da gaveta para mostrar. “Olha como eu fiquei bonita”, sugere com um autoelogio.

Sanches descobriu o câncer de mama 15 dias antes de perder a sogra pela mesma doença, que se iniciou no intestino, mas atingiu ao grau de metástase. Marido e filhos já desgastados com a rotina triste da casa, ela viu como alternativa ser mais generosa com a própria vida. “Eu não negligenciei a doença, tudo que o médico falava eu fazia, mas não me deixei abater pelo cansaço físico, pelo desânimo, porque tem dias que parece que você levou uma surra, mas quis focar no tratamento, pedir ajuda para quem podia”, revela.

“Eu me mantive bonita, eu me maquiava, colocava brincão e saía. Eu continuei feliz, como sempre fui e sou”. Foto do tempo careca está no porta-retrato no canto da sala, e ela logo tira outra da gaveta para mostrar. “Olha como eu fiquei bonita”, sugere com um autoelogio Ana Carolina Sanches, de 40 anos

A rede de apoio de família a amigos fez toda diferença, o que ela reconhece como um privilégio, sabendo que muitas mulheres são abandonadas quando descobrem a doença. “Às vezes ela tem três filhos, o marido foi embora, é preciso chegar com muito amor até essa pessoa, porque quando não tem apoio é muito mais difícil”, afirma. Ela sabe, pois é voluntária em centro de apoio de mulheres com câncer e presencia histórias muito diversas. “Eu quero poder ajudar, falar dessa alegria que está em mim. Essa foi uma experiência que se fez necessária na minha vida, eu gosto muito de gente e o câncer intensificou isso em mim. Agora é uma missão de vida”, revela.

ALEGRIA E AUTOESTIMA

Com pensamentos positivos sobre a vida, encarar as consequências do tratamento que abalam a saúde física e mental foi mais tranquilo. Antes da quimioterapia, a retirada da mama. Depois, os enjoos e queda do cabelo. “Eu tenho turbantes, lenços, me maquiei. Eu saía na rua com a cabeça raspada, mas sempre maquiada e com brincão. As pessoas falavam: ‘que estilo lindo!’, e eu dizia: ‘então... é câncer’”, diverte-se com a confusão.

Para ela, a maquiagem foi um apoio para conseguir sair na rua sem ter que enfrentar olhares piedosos. “Fiz um curso de automaquiagem na ong. Ela empodera. Aprendi a usar o lenço, fiz micropigmentação, usava cílios postiços, eu não tinha vergonha, isso ajuda muitas mulheres”, revela. Sair, viajar, curtir a família. Fazia sempre que podia.

“Durante o tratamento, a gente não sabe o que vai acontecer. O câncer de mama é a doença que mais mata, a gente perde muitas pessoas, mas eu não me abati”, revela. O segredo disso está na fé, no apoio, no amor pela vida, e na alegria que sempre a acompanhou transformando dor em beleza. “Eu estava bem por dentro e isso transparecia”, sorri mais uma vez entre tantas.


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OUTUBRO ROSA
Uma Vitória sobre o câncer de mama
PUBLICADO EM: 19 de Outubro de 2019
TEXTOS: Laís Taine
FOTORREPORTAGEM: Marcos Zanutto
IMAGENS: Laís Taine, Marcos Zanutto
EDIÇÃO: Celso Felizardo, Patrícia Maria Alves
DIAGRAMAÇÃO/IMPRESSO: Anderson Mazzeo
EDIÇÃO SITE:Erick Rodrigues
DESIGN/WEB: Patrícia Maria Alves
SUPERVISÃO DE PROJETO: Adriana De Cunto (Chefe de Redação)
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