Na noite de 6 de maio de 2013, um controlador de voo da Infraero em Londrina cumpria sua rotina de trabalho na torre de controle do Aeroporto Governador José Richa quando avistou uma luz amarela que se deslocava horizontalmente no céu. A ocorrência foi relatada ao Cindacta 2 (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo) e o objeto foi registrado como Ovni (Objeto Voador Não Identificado).

Além do controlador de voo, mais três pessoas, em outras três ocasiões, informaram o órgão nacional de controle de tráfego aéreo sobre a presença de Ovnis no céu de Londrina. Os quatro registros estão entre os 743 documentos guardados pelo AN (Arquivo Nacional) sobre a manifestação de Ovnis no Brasil, desde 1952 até 2016. Os relatos foram feitos por civis e militares.

Cada arquivo é enviado ao AN, órgão vinculado ao Ministério da Justiça, que além de guardá-los cuida da preservação e os deixa acessíveis ao público. Os registros podem ser consultados por qualquer pessoa diretamente na unidade do AN, em Brasília, ou pelo site do Sian (Sistema de Informações do Arquivo Nacional). Para isso, basta preencher um cadastro, criando um login e senha.

Imagem ilustrativa da imagem Ovnis no céu de Londrina
| Foto: Mario Tama/AFP

Os relatos presentes no acervo do AN não significam que foram vistos 743 discos voadores no Brasil, mas sim o surgimento no céu de qualquer objeto que não foi possível descobrir de imediato sua origem natural. No caso registrado pelo controlador de voo em Londrina, o documento do Cindacta 2 afirma que o objeto poderia ser um avião. Em todos os registros disponíveis no acervo do Sian, o que foi registrado como Ovni também poderia ser um drone, uma estrela, um satélite, um balão meteorológico, um fenômeno natural ou, até mesmo, um disco voador. Por que não?

Historiador da unidade de Brasília do AN, Pablo Franco diz que os arquivos relativos a aparições de Ovnis estão entre os mais acessados. “São estudiosos e gente curiosa que já estuda o assunto”, explica. “Como esse arquivo é um dos mais acessados, está integralmente disponível online. A gente só guarda os relatos enviados por órgãos oficiais cadastrados.”

Em 1982, o fotógrafo londrinense Mario Mori registrou um objeto luminoso em forma de disco, sobre o campus da UEL
Em 1982, o fotógrafo londrinense Mario Mori registrou um objeto luminoso em forma de disco, sobre o campus da UEL | Foto: Arquivo Pessoa/ Mario Mori

A maior parte do material disponível para consulta no Sian é fotocópia do documento original arquivado pela FAB (Força Aérea Brasileira). Os registros de aparições de Ovnis, disse Franco, foram disponibilizados por solicitação de grupos de ufólogos. “A Aeronáutica, a partir de 2009, começou a fazer envios periódicos desses documentos ao Arquivo Nacional. São relatórios da própria Aeronáutica, relatos de pilotos, matérias de jornais, tudo compilado pela Aeronáutica.”

Por meio de sua assessoria de imprensa, a FAB informou que todo material sobre o tema Ovni em poder do Comando da Aeronáutica foi encaminhado ao Arquivo Nacional, desde a década de 1950 até o ano de 2016, para consulta pública.

A Portaria do Comando da Aeronáutica nº 551/GC3, de 09 de agosto de 2010, trata sobre o envio periódico dos relatos de fenômenos aéreos recebidos pelo Comae (Comando de Operações Aeroespaciais), atual designação do Combadra (Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro), ao Arquivo Nacional. O Comando da Aeronáutica recebe, registra, cataloga e encaminha os registros ao AN.

O órgão esclareceu ainda que não dispõe de estrutura e de profissionais especializados para realizar investigações científicas ou emitir pareceres a respeito desse tipo de fenômeno aéreo, limitando-se ao registro dos relatos recebidos.

Objeto luminoso acompanhou avião até Londrina


Em 10 de maio de 1965 uma aeronave que decolou de São Paulo com destino a Londrina foi acompanhada de Itapetininga até o destino final por um "objeto luminoso que mudava constantemente de rumo”. Voava ora na direita, ora na esquerda da aeronave, cortando a sua proa. Quando se aproximavam do Aeroporto de Londrina, o comandante, chamando a torre, pediu ao operador de serviço que observasse a área e o informasse caso encontrasse alguma anormalidade. O operador, imediatamente, chamou a atenção do comandante para o objeto luminoso que se movimentava nas imediações do aeroporto de Londrina, declarando que não se tratava de um avião. Não há registros posteriores sobre esse fato.