Renata Cristina Ferreira Mantovani e Bruno de Oliveira Paes, produtores do Norte Pioneiro: satisfeitos com os resultados
Renata Cristina Ferreira Mantovani e Bruno de Oliveira Paes, produtores do Norte Pioneiro: satisfeitos com os resultados | Foto: Gustavo Carneiro/Grupo Folha

Se o olhar para a criação de coelhos no Brasil mostra-se promissor para o futuro – com uma mudança de mentalidade do consumidor em relação à essa proteína - é preciso dizer também que já existem criadores faturando agora com a atividade, inclusive no Paraná. O casal de técnicos agropecuários Renata Cristina Ferreira Mantovani e Bruno de Oliveira Paes iniciou com a criação dos animais há três anos na cidade de Jacarezinho, no Norte Pioneiro, e estão bem satisfeitos com os resultados.

Renata teve a iniciativa do projeto. Nascida em São Paulo, ela explica que seu avô foi cunicultor e ela sempre teve muito prazer no contato com animais, de maneira geral. Quando mudou para a cidade do interior do Estado, teve a oportunidade de comprar um plantel de outro criador da região. “Hoje estamos com 75 matrizes da raça Nova Zelândia, que é voltada para a produção de carne em um barracão de 20 por 12 metros (240 metros quadrados). Também trabalhamos com a raça Fuzzy Lop, que são os animais de companhia, que levamos para a exposição em feiras agropecuárias da região”, explica.

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-Abatedouro trabalha com cotas de acordo com demanda

Um dos pontos importantes para iniciar na atividade é que ao adquirir o plantel, o casal tinha certeza que os coelhos teriam destino certo para a venda. Isso porque o antigo criador já tinha uma cota de comercialização com um abatedouro do interior de São Paulo, na cidade de Mairinque (veja mais na página 7). Hoje, o Paraná não possui abatedouros de coelhos com Serviço de Inspeção Municipal ou Federal e os abates são, em sua maioria, ilegais, de “fundo de quintal”. “Nossa cota no abatedouro hoje é de 180 cabeças por mês, com média de 2,5 quilos para cada coelho. São animais muito calmos, não dão trabalho, não fazem barulho e são mais noturnos. Mesmo assim, os desafios para a criação são grandes.”

A criadora relembra que no início da atividade tinha dificuldade inclusive para comprar ração, que acabava vindo de outra localidade, 700 quilômetros de distância. Hoje o problema de logística foi superado e ela recebe o produto a cada 15 dias. Outro problema que teve de ser vencido são as mudanças bruscas de temperatura. “Como o verão aqui é muito forte, com 40 graus dentro do barracão, estamos instalando ventiladores para melhorar a ambiência e o bem-estar animal. Na época do inverno, manejamos as cortinas, deixamos tudo fechado (para proteger os animais).”

Outro desafio são os predadores, principalmente roedores. Os ratos são atraídos pela ração, mas podem acabar comendo os filhotes de coelhos recém-nascidos. Renata explica que isso acontece geralmente na primeira cria, em que a coelha deixa os filhotes para fora do ninho. “Mas quando ela começa a criar dentro do ninho, isso já não é mais problema porque consegue defendê-los. Em relação a doenças contagiosas, nunca tivemos problema. O que temos com mais frequência é o cascão na orelha, mas são poucos casos e bem fácil de controlar.”

Pelas contas da produtora, hoje o custo de produção dos animais - que do nascimento ao abate têm um ciclo de vida entre 75 e 90 dias - gira em torno de R$ 8 a R$ 10. Uma média boa paga pelo abatedouro pelo quilo vivo do animal fica em R$ 8. Uma das dificuldades, sem dúvida, é que o abatedouro está a 320 quilômetros da propriedade e os custos de logística são todos do casal criador. “Isso é o mais desafiador porque a rentabilidade acaba ficando um pouco na estrada. Mesmo assim, a atividade se mostra rentável.”

Coelhos da raça Fuzzy Lop, que são os animais de companhia: mercado pet
Coelhos da raça Fuzzy Lop, que são os animais de companhia: mercado pet | Foto: Gustavo Carneiro/Grupo Folha

Apesar de todos os desafios, o casal acredita que a cunicultura é um ramo bem promissor, principalmente pela qualidade da carne, muito saudável, que se encaixa perfeitamente com o estilo de vida que a população está buscando. “Muitos ainda pensam que o coelho é só pet pela beleza do animal, isso atrapalha bastante (o aumento do consumo) porque não o veem como alimento. Mas acreditamos que essa mentalidade vai mudar.”

E se o animal ainda é visto como de companhia, os criadores também focam nessa área. A raça Fuzzy Lop, bem peludo e de orelhas caídas, acaba sendo vendido por R$ 100 a R$ 120. “Muitos produtores da região ficam interessados quando descobrem que nós criamos. Perguntam como se inserir no abatedouro, a rentabilidade...Se tivermos mais criadores aqui na região, isso ajudaria inclusive na logística de transporte dos animais até o interior de São Paulo.”

Quem quiser falar com os criadores para saber mais sobre os coelhos, entrar em contato pelo Whats (43) 99142-5240.