Recentemente, tive um encontro revelador com um fulano que escolhe as manhãs de sábado para encher a rua onde moro com barulho e ruídos com aparência de trabalho.


Quando questionei o porquê de sempre escolher os sábados, recebi uma desculpa que mal se sustentava. Ele sugeriu, curiosamente, que, como consultor treinando pessoas para serem flexíveis, eu deveria ser mais tolerante. Fiquei feliz que soubesse algo sobre a minha profissão – ainda que não exatamente. Apesar disso, a minha resposta foi direta: “Eu ensino gestão, não religião. A essência do que transmito nos meus cursos e consultorias é a objetividade e a necessidade de cada um cumprir seu papel sem nenhuma concessão que o desvie deste objetivo”.

Este cenário expõe o modo de pensar estúpido que pessoas mal informadas têm sobre empresas e profissões – muitas delas até ocupando funções gerenciais destacadas.

Tolerância, muitas vezes confundida com permissividade, tem lugar restrito na minha filosofia de gestão. Qual é o problema? O entendimento popular desinformado interpreta "jogo de cintura" como um comportamento exclusivamente positivo, sem considerar a frequência com que seu lado negativo e o mau uso abre portas para ineficiência e baixa produtividade.

A minha abordagem é clara: gestão é sobre objetividade e métrica endossadas com responsabilidade, e não sobre concessões que comprometem resultados a fim de prioritariamente deixar as pessoas felizes – por mais que este seja o discurso de muitos dirigentes quando os lucros vão bem.

O episódio que acabo de narrar, ilustra perfeitamente a abissal distância entre a compreensão popular obtusa e a realidade – mais real que o rei – da gestão eficaz, como os grandes teóricos da administração preconizam. Faça a escolha, prezado leitor, de qual das ideias você adotará como sua depois disso.

* A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina.