Aqui vão as minhas breves considerações sobre o prazer de algumas pessoas em afirmarem seu autoritarismo através da contrariedade.

Imagine que após os trabalhos de Michelangelo no teto da Capela Sistina, o papa Júlio II lhe dissesse: “Está uma porcaria! Quero outra proposta!”. Então, o pontífice virasse as costas e deixasse o artista pensar em outra ideia sem ter-lhe oferecido qualquer orientação que revelasse os critérios sobre as quais o trabalho seria julgado posteriormente.

Eis o dilema vivido pelas vítimas daqueles que julgam a estética sob olhar estritamente subjetivo. Gente que, por não saber argumentar de modo lógico, apela ao julgamento pessoal sobre o belo e agradável como forma de regurgitar o desejo de poder.

Não há mal algum na rejeição de um trabalho por não se ter gostado dele. O lado patético desta postura encontra-se no fato da refutação ocorrer motivada pelo anseio de se sobrepor ao profissional que o executou, e não de deixar claro o que se esperava dele.

Discordar, destacar algum defeito, refutar o que quer que seja, sempre é fácil. Coincidentemente, também é a prática cruel de pessoas com baixo nível de instrução.

Quão pobres são aqueles que só têm dinheiro, disse o sábio. Paupérrimos por acreditarem na fortuna como instrumento único de controle e domínio. Se investissem parte disso em desenvolver discernimento, conhecimento e, mais que tudo, a capacidade de expressão, certamente passariam a fazer o que fazem com o ingrediente de que mais carecem: inteligência.

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