Há mais de quatro décadas o corretor de seguros Amauri Santos segue o mesmo ritual no período de Natal. Após se reunir em casa com a família para a tradicional ceia natalina no dia 24 de dezembro, ele segue para a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, localizada na zona leste de Londrina. Acompanhado da esposa e das duas filhas do casal, às 3 horas da madrugada ele se junta a outros integrantes do grupo de voluntários da FAC (Fraternidade Ajuda Cristã) para preparar um almoço solidário que é servido a milhares de pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade. Neste ano, o grupo pretende entregar 1.500 marmitas em diversas regiões carentes da cidade.

Silvia Nagata: "A verdadeira essência do Natal é estar presente na vida de quem precisa"
Silvia Nagata: "A verdadeira essência do Natal é estar presente na vida de quem precisa" | Foto: Marcos Roman

“Normalmente a gente costumava servir o almoço no salão paroquial para moradores de rua e de bairros carentes de Londrina, além da população indígena da cidade. Porém, devido à pandemia de coronavírus pelo segundo ano consecutivo optamos por entregar marmitas para evitar aglomeração. As refeições serão entregues a moradores de rua, e pessoas que residem no Jardim Santa Fé, Jardim Monte Cristo, Morro do Carrapato, além da comunidade indígena que vive na avenida Dez de Dezembro”, comenta Santos, na manhã deste sábado (25), enquanto ajudava nos preparativos. Ele é um dos idealizadores do grupo FAC, criado há 44 anos.

Adãode Pauli ajuda a preparar os 200 quilos de frango assado
Adãode Pauli ajuda a preparar os 200 quilos de frango assado | Foto: Marcos Roman

O cardápio do almoço solidário desse ano é arroz, macarronada, farofa, maionese, frango assado, churrasco, refrigerante e sorvete. Os preparativos para a entrega das refeições começam cerca de um mês antes do evento. “É quando a gente sai em busca de doações. Nesse ano, por exemplo, conseguimos arrecadar 120 quilos de carne de boi, 200 quilos de frango, além de arroz, legumes, refrigerantes e sorvetes. Na véspera de Natal a gente começa a preparar os alimentos por volta das 7 horas da manhã e segue até o fim do dia. Depois voltamos pra sua casa e após nos reunirmos cada um com suas famílias, a gente volta para a paróquia de madrugada para começar a assar as carnes e concluir a produção das receitas até a hora do almoço”, explica.

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CANSATIVO, MAS PRAZEROSO

Santos destaca que, apesar de cansativo, o trabalho é extremamente prazeroso. “Acredito que a gente esteja vivendo o verdadeiro sentido do Natal ao seguir um dos Dez Mandamentos, que diz: amar o próximo como a ti mesmo. É uma benção poder servir a quem precisa e como forma de agradecer a Deus por tantas bençãos concedidas às nossas famílias durante o ano todo”, enfatiza ao destacar que o mesmo sentimento é compartilhado pelos demais integrantes da FAC, que atualmente conta com cerca de 20 voluntários.

Amauri Santos, um dos idealizadores do grupo criado há 44 anos
Amauri Santos, um dos idealizadores do grupo criado há 44 anos | Foto: Marcos Roman

VERDADEIRA ESSÊNCIA DO NATAL

“Ouço muita gente reclamar que o Natal perdeu o sentido. Geralmente isso é dito por quem se preocupa apenas com a festa e a troca de presentes que acontecem nesse dia. Acredito que realizando esse almoço solidário a gente esteja vivendo a verdadeira essência do Natal, que é estar presente na vida de quem precisa. É uma alegria muito grande poder fazer parte disso”, ressalta a funcionária pública Silvia Nagata.

“É muito comovente a forma como somos recepcionados na hora em que entregamos as refeições. A alegria, a gratidão e a emoção de quem recebe a comida que preparamos com tanto amor é a maior recompensa que a gente poderia receber. Essa troca de sentimentos é o melhor presente de Natal que a gente poderia dar e receber”, afirma o agricultor Adão de Pauli, que há dez anos trabalha como voluntário da FAC.

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