O Dia Nacional de Luta contra Queimaduras, instituído pela Lei nº 12.026/2009, é celebrado anualmente em 6 de junho. A data faz parte da campanha Junho Laranja, promovida pela SBQ (Sociedade Brasileira de Queimaduras), que tem como objetivo conscientizar a população sobre a prevenção de queimaduras, além de divulgar medidas preventivas para reduzir a ocorrência de acidentes.

Queimaduras podem acometer tanto crianças quanto adultos, em qualquer faixa etária, e costumam ser traumáticas e dolorosas, geralmente requerendo longos períodos de internação. Elas podem ocorrer em decorrência de agentes térmicos, químicos, elétricos ou radioativos e causar destruição parcial ou total da pele e seus anexos. Além das sequelas que podem durar toda a vida, há risco de morte, em casos mais graves.

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O CTQ (Centro de Tratamento de Queimados) do HU (Hospital Universitário) de Londrina existe desde agosto de 2007 e é referência de atendimento às vítimas no interior do Paraná, prestando serviço a moradores de Londrina, região e outros estados. Atualmente, está com 15 pacientes internados, quase ocupação máxima da instituição, e 17 pessoas aguardando vaga.

Em 2022, foram 318 casos registrados na unidade, sendo 61,1% homens e 38,9% mulheres entre 20 a 59 anos. Crianças, principalmente abaixo dos 4 anos, também fazem parte das estatísticas, correspondendo a 19% das ocorrências. No total, a taxa de óbitos foi de 5,85%. O CTQ assiste pacientes não apenas na fase aguda, como também no tratamento de reabilitação, incluindo cirurgias reparadoras, se necessário.

De acordo com Elisangela Flauzino Zampar, enfermeira e coordenadora do CTQ, a maioria dos acidentes acontece em ambiente doméstico, chegando a 70% dos casos relatados. As queimaduras podem ocorrer ao fazer sabão caseiro, colocar álcool na churrasqueira, consertar eletrodomésticos e cozinhar no dia a dia, por exemplo. As causas geralmente são evitáveis, daí a importância de destacar os cuidados preventivos e primeiros socorros.

Em casos de emergência, deve-se buscar uma forma de eliminar imediatamente a fonte de calor. "Precisa resfriar a lesão. Quando você faz isso, você diminui a profundidade da queimadura e o tempo de contato com o fogo. Então, é água corrente em temperatura ambiente por pelo menos 20 minutos. Uma coisa que não pode ser feita é a pessoa sair correndo. O fogo em contato com o oxigênio tende a se propagar ainda mais", orienta Maria Carolina Bertan Barutta, médica intensivista do CTQ.

Ela afirma que a medida do resfriamento, principalmente em casos de queimaduras mais graves, pode ser mais rápida do que o abafamento com cobertor ou toalha. A vítima também pode cobrir o rosto com as mãos, se jogar no chão e rolar para apagar as chamas.

O CTQ também recomenda:

Não passar nenhum produto ou receita caseira no local atingido;

Não estourar as bolhas e não retirar a roupa que estiver grudada na pele;

Retirar acessórios como pulseiras e anéis, pois o corpo incha naturalmente após uma queimadura;

Procurar imediatamente o auxílio médico ou ligue 192 ou 193 para casos mais graves.

CHOQUE ELÉTRICO

Neste ano, a campanha Junho Laranja tem como pauta central acidentes envolvendo choque elétrico, quando o corpo entra em contato direto com uma fonte de alta tensão. As consequências podem ser devastadoras e mortais. Os acidentes ocorrem dentro de casa, mas também em ambiente de trabalho, principalmente com profissionais do setor da eletricidade, pintores e da área rural.

No CTQ, os casos envolvendo choque elétrico aumentaram recentemente. Como precaução, a população precisa estar atenta às instalações elétricas:

- Faça revisões periódicas e evite "gatos" na rede, pois aumentam as chances de curto-circuito;

- Evite utilizar equipamentos enquanto estiverem ligados à tomada, como o celular ou notebook carregando;

- Verifique sempre a voltagem dos eletrodomésticos;

- Nunca sobrecarregue adaptadores e extensões de tomadas;

- Se tiver crianças em casa, tape tomadas e deixe fios de energia longe do alcance delas;

- Desligue o disjuntor antes de mexer em qualquer instalação elétrica, incluindo a resistência do chuveiro.

Luiz Fernando Tibery Queiroz, médico cirurgião plástico da unidade, explica que os danos são correspondentes ao tempo de exposição e intensidade de corrente elétrica que atingiu a vítima. As consequências costumam ir desde arritmias cardíacas até lesões graves, que afetam a parte óssea e resultam em amputação. Por isso, é preciso agir rapidamente.

"Se a pessoa estiver ligada ao fio de rede, você não pode tocar na pessoa. A primeira coisa é desligar a rede. Se não tiver como, você deve empurrar a pessoa com um material seco e isolante, que seria a borracha, por exemplo. Se estiver em casa, desliga o disjuntor, mas, se estiver na rua, tem que ligar para a companhia de energia", orienta Elisangela.

FESTAS JUNINAS E FÉRIAS

Nesta época do ano, com o advento das festas juninas, a atenção deve ser redobrada, principalmente pela maior exposição do público a alguns itens tradicionais da época, como fogueira, comidas e bebidas quentes e fogos de artifício. Embora soltar balões seja considerado um crime ambiental, algumas regiões do Brasil mantêm a tradição clandestinamente, o que pode provocar incêndios. Evitando perigos e seguindo alguns cuidados básicos, é possível manter a festividade segura para todos.

Além desses eventos, é um período em que as crianças costumam estar de férias e passar mais tempo em casa. Por serem curiosas, correm riscos de imprevistos longe da supervisão dos adultos. Segundo a enfermeira, são comuns as ocorrências de acidentes no CTQ envolvendo crianças que brincaram próximas ao fogão, sofreram choque elétrico soltando pipas, mexeram com álcool e fios desencapados, colocaram cabos de carregadores de celular na boca ou sofreram escaldo. O principal remédio, para todos esses casos, é a prevenção.