Aliado político e amigo pessoal do ex-prefeito Alexandre Kireeff (2013-2016), o advogado e corretor de imóveis André Trindade oficializou na última semana sua pré-candidatura à Prefeitura de Londrina pelo União Brasil – a legenda também passou a ser comandada por ele na cidade. Em entrevista exclusiva à FOLHA, ele já adiantou que faz parte de seus planos trazer de volta membros do primeiro escalão do antigo gestor.

“A ideia é trabalhar com esse grupo do Alexandre para poder reorganizar o modelo e, digamos, trabalhar com uma prefeitura um pouco mais técnico-administrativa em termos de gestão pública [...] Uma gestão mais eficaz, com viés um pouco mais empresarial e menos político.”

Em 2016, filiado ao antigo PPS (atual Cidadania), Trindade estreou nas urnas concorrendo ao Executivo local. Ficou em terceiro lugar, com 17.452 votos. Quatro anos mais tarde, em 2020, teve a preferência de 2.229 eleitores ao tentar pelo Podemos uma cadeira como vereador.

Além de Kireeff, a jornada em busca da concretização de seu nome passa fundamentalmente pelo senador Sergio Moro, do mesmo União Brasil. O hoje provável postulante é aliado de primeira hora do congressista e aposta no apoio de parcela expressiva do eleitorado londrinense já dado ao ex-juiz (em 2022, ele foi o candidato ao Senado mais votado na cidade).

“Londrina não pode ficar presa naquele modelo da velha política de apenas nomes, e sim de projetos. Os projetos são os diferenciais para que a cidade cresça e assuma o papel que ela merece, de segunda maior cidade do Paraná”, comentou André Trindade.

FINANÇAS EM CENÁRIO “ASSUSTADOR”

Perguntado sobre a atual administração, o advogado chamou atenção para o cenário delicado pelo qual passam finanças da gestão de Marcelo Belinati – como a FOLHA tem noticiado, o teto de gastos com o funcionalismo local tem subido consecutivamente nos últimos meses, movimento atribuído pelo prefeito e sua equipe fiscal à queda geral nas transferências obrigatórias dos governos estadual e federal para outras prefeituras.

“O que me assusta é que, apesar desse aumento [do IPTU, em 2018], hoje o município já está com as contas apertadas”, observou o pré-candidato, chamando de “assustadora” a elevação do índice de despesas com servidores. À época da revisão da Planta Genérica de Valores (PGV) do imposto, implementada no primeiro mandato de Belinati, ele participou de um movimento contrário à iniciativa.

“A Prefeitura ficou muito focada na arrecadação dos tributos sem gerar novos empreendimentos, o que reduz a captação orgânica de recursos”, disse Trindade. Além da atração de indústrias, sua plataforma reúne outras duas prioridades – que, a se considerar eleições passadas, também devem ser elencadas por outros concorrentes: melhorar o serviço prestado à população na rede municipal de saúde e fortalecer a Guarda Municipal (GM).

ALIANÇAS EM ABERTO

Apesar de ter começado sua jornada para viabilizar uma cabeça de chapa, André Trindade não descarta alianças com partidos de direita e centro-direita nos próximos meses. As cartas fora do baralho dessa articulação são as siglas de esquerda – ao mesmo tempo, o União Brasil tem espaço no ministério do governo do presidente Lula (PT). “São indicações locais, de outros estados. No Paraná, foi unificado que o União é oposição ao governo”, justificou ele.