Londrina - Não é a primeira vez que a Páscoa dos londrinenses tem cenário country e fundo musical sertanejo. A ExpoLondrina dá um clima diferente à data e as famílias aproveitam o domingo para passear pelo parque. Muitas vezes quem se diverte com os animais e experimenta a grande variedade de comida disponível não se lembra que a festa só se torna possível graças a outras famílias que trabalham duro no Parque de Exposições Ney Braga, inclusive no domingo de Páscoa.
Maria Aparecida da Silva é responsável por uma barraca de batatas fritas nas imediações da pista de julgamentos. Ela e dois dos três filhos se revezam no atendimento aos clientes. O esposo também está trabalhando na exposição, mas do outro lado do parque. ''Ele atende em uma barraca de batatas fritas na arena de shows e rodeios.'' Aos 32 anos, Maria Aparecida diz que está contente porque apesar de estarem trabalhando, a Páscoa será passada na companhia da família. ''O importante é que estaremos todos juntos. Esta é uma data que deve ser passada assim'', disse.
A partir de amanhã a família se separa. Os filhos adolescentes Gustavo da Silva, 15 anos, e Amanda da Silva, 16 anos, pegam a estrada rumo a Paranavaí, onde moram e estudam. ''Os mais velhos precisam ir para a escola. O Rian, de dois anos, vai ficar comigo e com meu marido até o final da feira'', comenta, contando que a família está alojada em uma barraca.
Quem também tem dormido em uma barraca nos últimos dias é Luciano Zan Valério, de 12 anos. Ele está acompanhando o pai, Junior Aurélio Valério, que é tratador de animais e tem muita experiência em feiras agropecuárias. ''Há mais de 15 anos eu participo desta exposição. Somos de Jandaia do Sul e quando tem feira em cidades próximas eu sempre trago o Luciano comigo'', diz Junior. Ele garante que o melhor do final de semana é passar o domingo de Páscoa na presença do filho.
Para o menino a ExpoLondrina é sinônimo de animação. ''Gosto da Fazendinha. Já fiz amigos lá no ano passado e é gostoso revê-los'', afirma. A diversão de Luciano termina hoje, já que amanhã ele volta para Jandaia porque precisa ir às aulas. ''Hoje a prioridade na vida dele é a escola. Quero que meu filho estude bastante'', reforça o pai diante do garoto, que garante ser um bom aluno. Apesar do trabalho de Junior com os animais exigir dedicação em tempo integral, ele aproveita a presença do filho para ensiná-lo. ''Acho importante que ele aprenda sobre meu trabalho.''

Trabalho em família
João Maria, Ernani, Loriana e Luziane são quatro irmãos. Além do mesmo sobrenome, eles herdaram da mãe o trabalho em exposições e feiras agropecuárias. Há 36 anos neste ramo, a família consegue se manter unida. ''É melhor passar a Páscoa trabalhando mas ter os irmãos por perto do que todos separados com cada um em um canto'', afirma João Maria Chaves, acrescentando que seria ainda melhor se a família estivesse unida e comemorando a data.
Os irmãos se dividem em duas barracas de milho verde e suco, uma só de suco e uma barraca de tiro ao alvo. ''A gente não tem estudo e só sabe fazer isso. Durante todo o ano conseguimos passar apenas uns dois meses em casa. Não vemos os filhos crescerem e acabamos abrindo mão da família por conta do trabalho.
O que fica de bom disso é que os irmãos se apoiam e se ajudam'', destaca.
Para Luziane Chaves, a Páscoa acabaria passando ''em branco'' se não fosse pela proximidade dos irmãos e pela filha caçula que veio ajudá-la no final de semana. ''Vou conseguir passar o domingo com ela também. Será muito bom'', comemora.
Ela afirma que atualmente o que mantém a família unida é justamente o trabalho. ''Sempre acompanhei a minha mãe nesta jornada. Depois da morte dela, há um ano e meio, eu e meus irmãos perderíamos o contato se não trabalhássemos todos no mesmo ramo'', reconhece. ''Quem entra nesta vida ou arruma um companheiro que faz a mesma coisa ou acaba não dando certo. É uma vida de risco, passamos muito tempo longe de casa. O que me mantém confiante é justamente a presença dos irmãos e do marido por perto.''