Altônia, município com 18 mil habitantes a noroeste do Paraná, é o maior produtor de limão em território paranaense, responsável por cultivar 65% da fruta em todo o Estado.

Em 2022, o VBP (Valor Bruto da Produção) do limão alcançou R$ 36,2 milhões em Altônia, proveniente do cultivo de 22,4 mil toneladas em 561 hectares de terras. Em segundo lugar no ranking estadual ficou São Jorge do Patrocínio, também a noroeste do Paraná, com participação de quase 8% nas colheitas.

Controle de pragas e doenças é um dos desafios dos produtores, visto que o limão é cultivado em campo aberto
Controle de pragas e doenças é um dos desafios dos produtores, visto que o limão é cultivado em campo aberto | Foto: pixabay

O total do VBP do limão no Estado ficou em R$ 55,5 milhões em 2022. “Considerando a geração de um VBP de R$ 2,5 bilhões na fruticultura, os limões são a 10ª fruta em movimentação de capital e participam com 2,2% no total do VBP do setor no Estado”, destaca Paulo Andrade, engenheiro agrônomo do Deral (Departamento de Economia Rural).

NO TOPO

Paulo Cesar Lavaqui, técnico agropecuário da Prefeitura de Altônia, explica que quesitos como a divisão fundiária e a história da citricultura no município, o fato de ser uma lavoura perene e a boa estrutura de comercialização favorecem a produção de limão no município.

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“A maior parte das propriedades em Altônia possui menos de 15 alqueires, e isso proporciona uma condição diferenciada em relação aos demais municípios. São pequenas propriedades explorando atividades que geram boa rentabilidade por área.”

O técnico explica que o limão ganhou força por volta de 2010, quando grande parte da laranja foi impactada pelo greening.

“Muitas áreas de citros, principalmente tangerinas e laranjas, foram erradicadas. Nessa época tínhamos uns 100 hectares de limão, uma pequena área. Mas essa cultura se mostrou mais resistente, mais tolerante à doença. Então, parte dos produtores, para não abandonar a citricultura (porque já tinham toda a estrutura produtiva voltada para o citros), migrou para o limão.”

Altônia conta atualmente com cerca de 150 propriedades produtoras de limão, sendo que 90% são provenientes da agricultura familiar. Ao todo, a cultura emprega cerca de 5 mil pessoas direta e indiretamente, envolvendo toda a cadeia. A produção é comercializada para unidades da Ceasa do Paraná e em supermercados da região.

DESAFIOS DOS PRODUTORES

Entre os desafios dos produtores, o técnico aponta o controle de pragas e doenças, visto que o limão é cultivado em campo aberto. Além disso, ele cita o volume de técnicos para auxiliar os produtores, insuficiente para atender toda a demanda com qualidade.

“Outro desafio é a renovação dos pomares, visto que a vida útil média do pomar gira em torno de 12 anos. Desse total, são em torno de 9 anos produtivos, já que demora uns três anos para começar a produzir. A média do custo de produção é de 30 a 35 reais por muda, até começar a produzir”, pontua.

O técnico acrescenta que a Prefeitura de Altônia promove a manutenção das estradas rurais. Além disso, faz o transporte de mudas para os produtores do viveiro até a propriedade. “Os viveiros mais próximos ficam a cerca de 250 quilômetros. É um custo que o produtor deixa de ter no plantio.”

A prefeitura auxilia ainda a associação dos produtores na manutenção de um parque público que faz o processamento da fruta pós-colheita, disponibilizando maquinário e recursos financeiros.

EM ABERTO

O agricultor Alessandro Davanso Cracco produz limão há cerca de 30 anos em Altônia, em 40 hectares de terras. No ano passado, ele colheu cerca de 10 mil caixas da fruta (25 kg), uma produção bem satisfatória. “A expectativa para 2024 ainda está em aberto, já que depende das condições climáticas”, destaca.

Para obter uma boa produção em quantidade e qualidade, o produtor investe essencialmente em adubação e pulverização. “A gente precisa analisar o momento certo para adubar e pulverizar. Não é fácil, o limão é trabalhoso”, destaca.

O trabalho na lavoura é 100% familiar, sendo que a produção é entregue a atravessadores que comercializam o limão na unidade da Ceasa de Curitiba e em Maringá. “Trabalhamos juntos em família e vivemos bem. Tem ano bom que dá R$ 20 de lucro por caixa, mas se chover muito ou se der muito sol, acaba caindo”, conclui.

EVOLUÇÃO

O engenheiro agrônomo do Deral destaca a evolução do cultivo do limão em território paranaense. “Quando se observa a dinâmica da atividade de 2013 a 2022, o destaque é para o incremento de 42,8% em relação à área, de 88,9% nas colheitas e de 36,8% no VBP”, destaca.

As unidades da Ceasa do Paraná comercializaram, de janeiro a novembro do ano passado, 31,5 mil toneladas de limões a um preço médio de R$ 2,66 o quilo, alavancando uma movimentação financeira de R$ 83,8 milhões. “O Estado de São Paulo domina a praça e contribuiu com 87,9% dessa oferta. O Paraná amealha 11,9% dessa quantia”, conclui.