Bem antes da trilogia Matrix, da sensação Scott Pilgrim ou das animações de última geração da Pixar, um filme tornou-se um marco por unir pela primeira vez a linguagem e o mundo dos videogames e quadrinhos no cinema. ‘‘Tron: Uma Odisséia Eletrônica’’ foi um fracasso comercial, mas virou um cult movie, especialmente às vésperas da chegada da sequência, mais de 18 anos depois do original. ‘‘Tron: O Legado’’, estreia, com cópias 3D, no próximo final de semana e une duas gerações de nerds.
  ‘‘Foi aquele tipo de filme que, mesmo na época, a impressão era de que já era sobre um videogame muito avançado, até porque a referência que a gente tinha era o Atari’’, lembra o jornalista e crítico de cinema Marden Machado, de 47 anos, que, na época de ‘‘Tron: Uma Odisséia Eletrônica’’, tinha 20 anos.
  No filme original, escrito e dirigido por Steven Lisberger em 1982, o engenheiro de softwares Kevin Flynn (Jeff Bridges) vê seu trabalho ser roubado por um colega e decide se voltar contra sua corporação, como vingança. Só que ele acaba sendo tragado para o mundo virtual que costumava programar. Orçado em US$ 17 milhões, o longa teve desempenho aquém do esperado, com arrecadação de US$ 33 milhões, até porque teve um duelo direto com o público de ‘‘E.T., O Extraterrestre’’.
  ‘‘Na época não gostei muito do filme, mas achei bonito. É que na mesma época teve outros filmes bem interessantes, como o ‘Jornada nas Estrelas 2: A Ira de Khan’, ‘Highlander’, ‘Exterminador do Futuro’, ‘Blade Runner’ e outros’’, lembra Marden. ‘‘O ‘Tron’ se antecipou e foi numa época que acho que as pessoas ainda não estavam preparadas para criar uma ponte com os videogames. Não conseguiu ter retorno financeiro porque, além de pouquíssima gente ter curtido, tínhamos salas de cinema que estavam em ruínas, não havia o merchandising que há hoje.’’
  No entanto, ‘‘Tron’’ inovou ao ser o primeiro a tratar o tema de videogames com certa seriedade e a utilizar efeitos especiais baseados totalmente em computação gráfica de forma tão intensa. ‘‘A Pixar deve muito ao Tron. Porque muitos dos efeitos que hoje usam na animação começaram lá atrás’’, reflete Marden.