O deputado federal Filipe Barros (PL) promete acionar a Polícia Federal para investigar agressões cometidas por integrantes da Torcida Organizada Falange Azul contra assessores de sua campanha e familiares. A confusão foi registrada na tarde de sábado (10), em frente ao estádio do Café, antes do jogo entre Londrina x Chapecoense, pela Série B.

De acordo com o deputado, que é candidato à reeleição, ele e sua equipe faziam campanha e entrega de panfletos nos arredores do Café, quando seu sobrinho, um jovem de 18 anos, abordou um veículo e entregou material de campanha.

"As pessoas que estavam no carro, um Cruze preto, pegam o material e jogam para fora do carro, dizendo que ali era Lula e que eles não eram bem-vindos", afirmou. "20 ou 25 minutos depois, as pessoas que estavam no carro com mais alguns, uns 10 pelo menos, voltam exaltados e buscando confusão. Eu peço calma, dizendo que estávamos ali em paz. Um deles joga um copo de cerveja no meu sobrinho e parte para a porrada. Meu sobrinho leva um soco na boca, agrediram minha assessora e meu tio de 65 anos, com um soco e pontapés. Quero deixar bem claro que essa não é a minha versão, as imagens mostram isso e confirmam estes fatos", ressaltou Barros, em entrevista à FOLHA.

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Filipe Barros revelou que foram registrados boletins de ocorrências e os agredidos foram encaminhados ao atendimento médico e passaram por exame de corpo delito. "Eu pessoalmente farei um boletim de ocorrência na Polícia Federal na segunda-feira. Já levantamos quem são as pessoas, uma inclusive de Curitiba, temos áudios que ainda não podemos revelar e todas estas informações serão repassadas para a PF. As nossas imagens atestam que a tese da Falange Azul é mentirosa".

A torcida organizada postou uma nota oficial nas redes sociais contestando a versão do deputado e alega que a confusão teve início quando um membro da equipe de Barros agrediu uma torcedora, que se recusou a receber o panfleto da campanha.

"Após o ataque, a torcedora ainda foi xingada pelos assessores e cabos eleitorais e pelo próprio candidato. Muitos torcedores, incluindo diversas pessoas que sequer são sócias da torcida, mas que estavam ao redor, se revoltaram com a atitude e foram tomar satisfações", descreve trecho do comunicado. A torcida diz que lamenta e repudia episódios de violência e finaliza informando que irá tomar as "devidas providências jurídicas contra as informações caluniosas do parlamentar".

VERSÃO DOS TORCEDORES

A reportagem da FOLHA conversou dentro do estádio com o casal de torcedores do Tubarão que chegava de carro para assistir ao jogo e afirmou ter sido surpreendido por um bloco de panfletos sendo jogado pela janela do veículo.

"Uma pessoa que trabalha para ele [Filipe Barros], pegou um tanto de panfletos e jogou dentro do carro. Acertou até minha cara. Quando eu peguei esses panfletos para tirar do carro, o assessor veio perguntar o que estava acontecendo. Nisso, o Filipe Barros já chegou na janela do carro perguntando, aí nós paramos, depois seguimos e eu entrei no estádio", relatou Ana Paula Porto. Para Porto, não foi violência política. "Foi violência contra mim. Independentemente em quem eu voto, ele não tem direito de jogar panfletos dentro do meu carro", disse.

Henrique Souza, marido de Ana Paula e membro da Falange Azul, contou à reportagem que quando o assessor perguntou o que estava acontecendo, ele disse que deveriam perguntar se a pessoa gostaria de receber os panfletos.

"Guardei meu carro e voltei lá para conversar. Chegando lá, o cara que veio no carro se escondeu atrás dele [Filipe Barros] e falou: 'o cara está vindo ali'. Aí o Filipe Barrou falou: ‘não vamos brigar’. Eu falei que não queria brigar. Falei que não é assim que funciona propaganda política. 'Não tenho partido, não tenho nada. Não tenho nada contra você'. Só que nisso aí, os caras que estavam em volta escutaram a conversa e falaram: o cara [assessor] agrediu uma mulher. E um assessor começou a peitar o pessoal em volta. Alguém tacou um copo, acertou um deles e começou a briga. Eu não fui para cima de ninguém, apenas tentei separar", relatou.

NOTA DO LONDRINA EC

O Londrina publicou no seu site oficial uma nota de repúdio e condenou os atos de violência. "Como uma equipe que representa uma cidade, o Londrina Esporte Clube deixa claro que atos de violência não são tolerados, seja nas imediações ou dentro do Estádio do Café, feito por “torcedores” do clube, pois entendemos que o estádio é um local para lazer e onde muitas famílias frequentam, acompanhando o nosso Tubarão", destacou o clube, que se colocou à disposição do deputado na busca pela identificação dos agressores e para que as medidas corretas sejam tomadas.

NOTA DO PT EM LONDRINA

O diretório do PT (Partido dos Trabalhadores) em Londrina também se manifestou sobre o episódio por meio de nota oficial. "O Partido dos Trabalhadores de Londrina vem a público se manifestar sobre os ataques gratuitos e descabidos do deputado federal bolsonarista Filipe Barros, que busca associar o ocorrido no estádio do Café com o PT. Lamentamos a violência ocorrida, tanto física, quanto simbólica, que foi relatada por ambas as partes envolvidas", diz a nota.

O partido ressalta que "tem compromisso com a cultura da paz e não incentiva seus filiados a promoverem ações que vão na contramão das diretrizes do partido."

"Aproveitamos para refletir sobre a escalada da violência em nossa sociedade, que nos últimos 60 dias já tirou a vida de dois petistas, por intolerância política praticada por assassinos bolsonaristas. Não aceitamos que o deputado acuse o Partido dos Trabalhadores e seus filiados, sendo que não temos nenhum envolvimento com o ocorrido. Não serviremos de palanque para quem está buscando aparecer", afirma o comunicado.

O partido encerra dizendo que se coloca à disposição da Justiça para provar que "não tem qualquer relação com este lamentável episódio."

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