Laranja com café, limão, tangerina, café com canela, damasco, anis, amora, pimenta, gengibre  e chá de cidreira estão entre os sabores mais apreciados
Laranja com café, limão, tangerina, café com canela, damasco, anis, amora, pimenta, gengibre e chá de cidreira estão entre os sabores mais apreciados | Foto: Fotos: Gina Mardones



Com origem milenar cercada de mistérios, o licor tem mantida sua áurea de sedução ao longo do tempo. A saborosa bebida que já foi associada a rituais de feitiçaria e que ganhou fama de liberar efeitos afrodisíacos é marcada pela versatilidade podendo ser preparada com uma lista infinita e irresistível de ingredientes. Frutas, grãos, pimentas, raízes, cachaça e outras especiarias são utilizadas como matéria-prima de inebriantes receitas.

Laranja com café, limão, tangerina, café com canela, damasco, anis, amora, pimenta, gengibre e chá de cidreira estão entre os sabores de licor preparados pela jornalista Iara Rossini Lessa. "Acho que quase todo mundo tem uma ligação afetiva com o licor. Para mim é uma coisa de infância, minha mãe sempre fazia. Eu nunca havia feito um licor, até que no passado ganhei uma quantidade enorme de jabuticaba e acabei me lembrando dos licores que ela preparava. Então resolvi me aventurar neste universo misterioso do licor", conta.

A receita preparada por Iara fez tanto sucesso entre os amigos que acabou motivando a jornalista a investir em outros sabores. "O preparo de um licor exige muita paciência e dedicação. Primeiro é necessário deixar a fruta ou outros ingredientes curtindo na cachaça por cerca de um mês. Durante esse período, essa mistura tem que ser mexida pelo menos três vezes por dia. Somente depois disso é que a receita é levada ao fogo onde é acrescentado o açúcar e a água. É como se o licor fosse um ser vivo. Gostei tanto da experiência que acabei criando várias receitas inusitados", relata.

O licor já foi considerado uma panaceia:remédio para todos os males
O licor já foi considerado uma panaceia:remédio para todos os males



A lista de licores preparados por ela já conta com 16 sabores. "É interessante porque a mesma receita pode ter um sabor diferente conforme a safra da fruta utilizada. O que deixa qualquer licor irresistível é encontrar o ponto da calda perfeito, além de aroma e textura ideais, sem deixar resíduos no fundo do recipiente onde a bebida é armazenada. Nas minhas receitas, costumo utilizar mais ou menos 600 gramas de açúcar para um litro de cachaça e a mesma medida de água. O ponto exato da calda é encontrado quando caírem apenas quatro gotas da colher usada no preparo. Já os resíduos no fundo do vidro são evitados filtrando, coando ou peneirando a bebida", revela Iara.

O prazo de validade de um licor caseiro, segundo ela, pode chegar a 15 anos. "A tendência é que o sabor do ingrediente usado no preparo fique mais acentuado com o passar do tempo", diz. Quanto ao consumo, Iara ressalta que alguns sabores podem ser consumidos antes e outros após as refeições. "Os licores cítricos vão bem tanto antes quanto depois das refeições. Já os mais encorpados são excelentes para serem apreciados junto com a sobremesa. Os licores também têm servido de matéria-prima paro o preparo de diversos drinks", comenta. A jornalista mantém uma página com seu nome no Facebook onde interessados podem fazer encomendas dos licores preparados por ela.

Fórmulas secretas
O licor é uma bebida alcoólica açucarada e aromatizada com vários tipos de essência. Por terem óleos essenciais em sua composição e ajudarem na digestão, os licores são geralmente tomados após as refeições.

A origem dos licores está relacionada, na maioria das vezes, a lendas de amor, bruxaria e mágica. Sua fabricação é uma arte e vem sendo desenvolvida e aprimorada ao longo dos tempos. Consiste em uma bebida alcoólica de sabores diversos agradáveis. Na antiguidade, conventos tinham licores próprios considerados fórmulas secretas, cada qual com uma filosofia, história, aventura.

Os primeiros licores eram constituídos de álcool açucarado com limão, rosa e flor de laranjeira. Um fator interessante é que, em alguns casos, pepitas de ouro eram adicionadas às misturas. A essa mistura era dado o nome panaceia, representando um remédio para todos os males. Aos poucos, a produção do licor foi se refinando. Isso ocorreu principalmente por intermédio dos italianos. O consumo maior da bebida foi após uma visita de Catarina de Medicis à Itália. Esta rainha levou várias receitas para a França. Da mesma forma, o rei Luís XIV era um grande apreciador de licores.

*Fonte: cpt.com.br