São Paulo - O Rio Grande do Sul chegou, nesta terça-feira (7), à marca de 95 mortes em decorrência das fortes chuvas que atingiram a região ao longo da última semana. Ao todo, 1,4 milhão de pessoas foram afetadas pela tragédia da região.

O número de mortos pode aumentar ainda mais nos próximos dias, pois há um total de 131 desaparecidos, além de 372 feridos. Também há 4 óbitos em investigação.

De acordo com a Defesa Civil, há 48.799 desabrigados, instalados em alojamentos cedidos pelo poder público, e 159.036 desalojados. Do total de 497 municípios do estado gaúcho, 401 foram afetados pelas fortes chuvas da região.

As aulas foram suspensas nas 2.338 escolas da rede estadual e mais de 273 mil alunos foram impactados. Um total de 386 escolas tiveram sua estrutura danificada pela chuva. Até o momento, 790 escolas foram afetadas, 388 danificadas e 52 escolas servem de abrigo.

A tragédia tem sido comparada ao furacão Katrina, que em 2005 destruiu a região metropolitana de Nova Orleans, na Lousiana (EUA), atingiu outros quatro estados norte-americanos e causou mais de mil mortes.

Profissionais de saúde apontam semelhanças entre as duas tragédias, como falta de prevenção de desastres naturais e inexistência de uma coordenação centralizada de decisões. Colapso nos hospitais, dificuldade de equipes de saúde chegarem aos locais de trabalho e desabastecimento de medicamentos e outros insumos são outras semelhanças apontadas.

Na noite desta segunda-feira, o governo do Rio Grande do Sul alertou para o risco de enchentes nos municípios localizados às margens da Lagoa dos Patos.

A água que inundou Porto Alegre e causa transtornos na região metropolitana desce pela lagoa em direção ao mar, o que pode acontecer rapidamente ou de forma mais lenta, dependendo da direção do vento.

O risco é agravado devido à frente fria que chega à região sul do estado e provoca chuva e queda de temperatura nesta semana, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

A previsão é que, nesta semana, a temperatura caia no Rio Grande do Sul. A partir de quarta-feira, a expectativa é da chegada de uma frente fria na região.

Em algumas regiões do estado, os termômetros podem marcar mínimas de 10°C, o que pode causar ou agravar a hipotermia das pessoas que ainda não conseguiram ser resgatadas e estão em locais sem acesso a abrigo e alimentos.

As chuvas que devastaram cidades do Rio Grande do Sul também chegaram a Santa Catarina e ao Paraná, causando outras três mortes.

A paralisação do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, tem gerado uma série de impactos logísticos no Rio Grande do Sul. A lista de efeitos inclui dificuldades para circulação de pessoas e mercadorias, além de reflexos para o transporte de doações que chegam ao estado.

O terminal interrompeu pousos e decolagens na sexta-feira (3), em razão das tempestades que deixam um rastro de destruição em municípios gaúchos, incluindo a capital do estado.

A concessionária Fraport Brasil, responsável pelo aeroporto, indicou que ainda não há uma data prevista para a reabertura, mas companhias aéreas como Latam e Gol já anunciaram a suspensão de voos até 30 de maio no Salgado Filho. A área do terminal está inundada.

O plenário do Senado aprovou nesta terça-feira o projeto de decreto legislativo que reconhece estado de calamidade pública em parte do território nacional, em decorrência da crise no Rio Grande do Sul, e facilita a liberação de verbas ao estado.

O projeto foi enviado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Congresso Nacional na segunda (6) e aprovado pelo plenário da Câmara dos Deputados no mesmo dia.

A aprovação abre caminho para descontar da meta fiscal do governo federal os gastos com assistência emergencial e recuperação do estado, bem como as eventuais renúncias de receitas necessárias para dar apoio ao governo gaúcho.