A Embrapa Soja (Centro Nacional de Pesquisa de Soja) e a Fundação Meridional lançaram duas novas cultivares de soja que já podem ser adquiridas pelos produtores do grão nesta safra. As sementes apresentam bom resultado em termos de desempenho, são resistentes a doenças e conseguem enfrentar as adversidades climáticas, podendo ser aplicadas em diferentes regiões do país.

A tecnologia foi apresentada pela empresa aos agricultores durante um Dia de Campo em fevereiro. O encontro serviu, também, para prestar orientações sobre o selo "Soja Baixo Carbono", que deve entrar no mercado em 2026, o manejo de plantas daninhas, os conhecimentos sobre o quebramento da haste da soja e a podridão de grãos.

A cultivar BRS 1064IPRO, indicada para Londrina, traz ganho produtivo de 6,8% acima da média das principais cultivares padrões do mercado
A cultivar BRS 1064IPRO, indicada para Londrina, traz ganho produtivo de 6,8% acima da média das principais cultivares padrões do mercado | Foto: Douglas Kuspiosz

Indicada para a região de Londrina, a cultivar BRS 1064IPRO traz ganho produtivo de 6,8% acima da média das principais cultivares padrões do mercado, podendo ser utilizada nos estados do Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás.

O pesquisador Marcos Rafael Petek explica que a Embrapa Soja possui programas de melhoramento de cultivares que apresentam diversos tipos de resistência. Aos poucos, o “catálogo” de sementes desenvolvido pela empresa vai aumentando e contribuindo para o avanço tecnológico do grão no país.

“A BRS 1064IPRO é uma cultivar que tolera bem essas regiões mais quentes, dá para abrir plantio também, tem um alto teto produtivo nessas regiões mais baixas e mais quentes. Tem boa resistência às doenças, um sistema radicular muito bom e resistência aos nematoides. É um grande diferencial”, explica Petek.

Imagem ilustrativa da imagem Novas cultivares aumentam produtividade e resistência da soja
| Foto: Douglas Kuspiosz

Por outro lado, a cultivar BRS 1056IPRO tem como ponto forte o desempenho produtivo, sobretudo nas regiões mais altas - acima de 600 metros. Petek aponta que a cultivar precoce (grupo de maturação relativa 5.6) é indicada para os Campos Gerais do Paraná e para os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

“Nós temos uma multiplicação de sementes bem avançada, tem vários produtores da Fundação Meridional fazendo sementes das cultivares. O produtor já vai ter à disposição no entressafra para comprar, além das outras [produzidas pela Embrapa]”, diz.

PLANTAS RESISTENTES

Com condições climáticas cada vez mais adversas - com excesso ou falta de chuvas, e temperaturas muito altas -, o investimento em tecnologia é um caminho importante para garantir a resistência do sistema produtivo. Isso, claro, aliado às boas práticas no campo, como o sistema plantio direto.

Imagem ilustrativa da imagem Novas cultivares aumentam produtividade e resistência da soja
| Foto: Douglas Kuspiosz

Petek lembra que a pesquisa, e principalmente o melhoramento genético das plantas, está em constante evolução quando o tema é a resiliência do sistema produtivo.

“Quando o programa está mais maduro, que já tem um tempo sendo selecionado, vamos acumulando tolerância ao calor, ao estresse hídrico, na própria cultivar. Vamos selecionando os locais com problemas com essas condições climáticas adversas e vamos obtendo cultivares cada vez mais adaptadas”, explica o pesquisador.

FEIJÃO

Durante o Dia de Campo, o pesquisador Jose Luis Cabrera Diaz, que atua na Embrapa Arroz e Feijão, em Ponta Grossa, prestou orientações aos agricultores sobre a leguminosa. Apesar de Londrina não ser uma região produtora do alimento, os Campos Gerais e o Oeste do Paraná se destacam quando o assunto é feijão.

“[Queremos] mostrar para eles que o uso de sementes produzidas por sementeiro idôneo traz tecnologia embasada nela. Além disso, mostramos como manejar a cultura do feijão, desde a semeadura, a escolha da cultivar, até a colheita e o armazenamento”, explica o pesquisador, que aponta que se trata de um “pacote tecnológico que o produtor que quer investir em feijão pode ganhar dinheiro”.

Apesar de não ser uma commodity como a soja, a leguminosa está presente na dieta do brasileiro. “Temos uma unidade que tem como propósito gerar novas cultivares e disponibilizar para o produtor”, acrescenta.

“São cultivares que têm um potencial produzido além dos cinco mil quilos por hectares, só que embasado nisso temos também que ensinar a esse produtor como construir um perfil de solo que dê conforto, fertilidade e alimentação para esta planta”, continua Diaz.

Recentemente, a Embrapa lançou a cultivar BRS FS313.