Diante das dificuldades e perdas de produtores rurais, o ministério da Agricultura prepara um plano de ajuda que deverá prever uma linha de crédito em dólar e com juros reduzidos no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a prorrogação de parcelas de contratos que são subsidiados pelo Tesouro Nacional.

As medidas foram desenhadas pelo ministro da pasta, Carlos Fávaro (PSD), e pela equipe dele. Em reunião na manhã desta terça-feira (30) com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), a Agricultura apresentou um diagnóstico do setor.

As propostas de apoio à agricultura para enfrentar momentos de dificuldade não têm previsão para serem lançadas, pois dependem de cálculos do Ministério da Fazenda e de aval do Palácio do Planalto.

O plano tem o objetivo de socorrer produtores de soja, especialmente do Mato Grosso, por causa da forte queda no preço desse produto. Além disso, a região Sul, muito afetada pelas chuvas, será alvo do pacote, especialmente o Paraná e o Rio Grande do Sul.

Parte da região Nordeste, que sofre com a seca, também deverá ter acesso aos recursos, com foco na área conhecia como Matopiba, que compreende os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

Ao chegar ao ministério, Fávaro citou dentre as dificuldades do setor as intempéries climáticas, como as secas no Centro-Oeste e no Nordeste do Brasil, além do excesso de chuvas na região Sul. Também apontou o achatamento do preço das commodities, o alto custo da produção e o endividamento dos produtores rurais.

"[Temos neste ano] um cenário bem mais difícil do que vinha nos últimos anos, as intempéries climáticas, seca no Centro-Oeste, no Nordeste do Brasil, excesso de chuva no Sul. Tudo isso, além dos preços das commodities bem mais achatados, custo de produção alto, endividamento de produtores", afirmou o ministro.

"Então nós precisamos de um Plano Safra mais eficiente. E tudo é limitado com o Tesouro, a gente sabe das limitações do Tesouro, compromisso com o déficit zero, então a gente vai trabalhar muito aqui", completou.

A linha de crédito no BNDES está em negociação avançada. A ideia é que sejam disponibilizados entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões. O recurso deverá ser usado como capital de giro e custeio, com foco em pequenos e médios produtores.

Money is born soil in the bottom of the plantations. Agribusiness profit land value and agricultural startups
Money is born soil in the bottom of the plantations. Agribusiness profit land value and agricultural startups | Foto: iStock

Grandes empresários do agronegócio já conseguem acesso a crédito barato, dizem integrantes do governo.

Essa medida é considerada urgente, pois entre março e abril vencem muitos contratos de custeio no setor. Uma possibilidade é que esse crédito seja quitado entre dois e três anos.

A outra proposta é prorrogar parcelas de contratos financiados com recursos do Tesouro. Por exemplo: se nos últimos dois anos um produtor comprou uma máquina ou construiu um armazém em contratos longos (de dez anos), as parcelas subsidiadas pelo Tesouro de 2024 seriam jogadas para o fim do contrato, sem o acréscimo de juros.

Integrantes do governo dizem que isso, porém, deve ter impacto nos custos do Tesouro. Por isso, o ministro Haddad deve precisar de cálculos mais precisos.

Números preliminares da equipe de Fávaro apontam para uma necessidade de aproximadamente R$ 500 milhões para prorrogar parte das dívidas. A ideia do ministério é atender entre 20% e 25% dos produtores que têm esse tipo de contrato. Portanto, será preciso estabelecer critérios para acesso a esse programa.