Localizado entre a serra e o litoral do Paraná, o município turístico de Morretes figura como o maior produtor de maracujá em território paranaense, com 2,3 mil toneladas da fruta produzidas em 115 hectares no ano de 2022.

O volume produzido em Morretes representa 15% da produção da fruta no Paraná, resultando em um VBP (Valor Bruto da Produção) de R$ 10,7 milhões – a riqueza advinda da atividade no município.

O segundo maior produtor de maracujá em território paranaense, por sua vez, é Prudentópolis, concentrando cerca de 10% da produção estadual, com um VBP de R$ 7,4 milhões. Outros 214 municípios exploram a fruta comercialmente no Paraná.

DUPLA APTIDÃO

Paulo Andrade, engenheiro agrônomo do Deral (Departamento de Economia Rural), destaca que a dupla aptidão do maracujá, com possibilidades de uso agroindustrial e para o mercado in natura, caracteriza os dois principais produtores.

“Na localidade litorânea – Morretes – o cultivo está destinado principalmente para as frutas frescas, enquanto a destinação em Prudentópolis foca na fabricação de polpa”, analisa.

Segundo o técnico, a safra 23/24 do maracujá se mostra promissora em relação ao período anterior, com novas áreas de produção e lavouras em boas condições vegetativas e sanitárias. “Há casos isolados de bacteriose em cultivos mais antigos, mas sob controle no manejo do pomar.”

NO TOPO

Eudes Gustavo Kemmer, secretário municipal de Agricultura e Abastecimento de Morretes, explica que as condições envolvendo o clima litorâneo e o relevo único permitem um bom desenvolvimento da cultura. “Estamos a aproximadamente 10 metros acima do nível do mar, com um clima semelhante ao amazônico”, destaca.

Outro ponto citado pelo secretário é a posição geográfica do município. “A proximidade de polos consumidores acaba por estimular o cultivo do maracujá”, acrescenta. Morretes fica a menos de 70 km de Curitiba.

Morretes conta hoje com cerca de 120 produtores de maracujá, todos da agricultura familiar. A cultura do maracujá serve de meio de subsistência para várias famílias, juntamente com seus agregados.

“A cultura garantiu e garante a permanência e o desenvolvimento de várias gerações de famílias. Além disso, movimenta toda uma cadeia comercial, desde a produção direta no campo até a indireta como transporte, distribuição da produção e fornecimento de insumos e equipamentos.”

O principal destino da produção de maracujá em Morretes é a Ceasa de Curitiba, servindo como polo de distribuição para todo o país. Supermercados da capital também recebem a fruta produzida em Morretes.

DESAFIOS

Entre os desafios dos produtores, o secretário cita a baixa de lucro por safra, visto que o custo de produção não vem acompanhando o preço de venda.

“Há também dificuldade de encontrar mão de obra com experiência e até mesmo sem experiência”, acrescenta. Outro grande desafio é enfrentar o aumento do impacto ocasionado por pragas, o que exige maior controle e, em consequência, aumenta o custo de produção.

A Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento dispõe de uma frota variada de maquinários e implementos que são disponibilizados para os produtores, além de prestar assistência técnica. “Buscamos oferecer a melhor assistência para proporcionar excelência na produção dos nossos agricultores”, conclui.

PRAGA

O agricultor Isaías Pereira Santana Rosa cultiva 4 hectares de maracujá em Morretes. Ele se dedica há cultura há cerca de 20 anos, mas chegou a interromper alguns anos a produção por conta dos efeitos de uma praga constante e ainda sem controle: o pulgão.

“Ainda não descobriram remédio para essa doença. Há uns 8 anos esse pulgão ataca e compromete a produção.”

Sobre 2024, o agricultor destaca que a procura pelo maracujá está favorável. “Vamos ver se conseguimos atravessar bem esse ano”, projeta.

Caso não haja ataque da praga, a expectativa do produtor é comercializar até 2 mil caixas de maracujá (12 kg cada) neste ano. A venda é feita para turistas e grande parte é remetida para a Ceasa de Curitiba.

CULTIVAR LUZ DA MANHÃ

O IDR (Instituto de Desenvolvimento Rural) Paraná lançou, em 2022, a cultivar de maracujá IPR Luz da Manhã, um maracujá amarelo com movimentação crescente na busca por essa variedade, segundo o engenheiro agrônomo Paulo Andrade.

“O destaque se dá pela qualidade superior dos frutos, caracterizados pelo bom rendimento, pelo excelente potencial no balanço de ácidos e açúcares e pela ótima coloração da polpa.”

O técnico acrescenta que, com dois anos no mercado, as peculiaridades da cultivar têm chamado atenção positivamente em gôndolas e nas processadoras.

“Isso sinaliza ao poder público e aos fruticultores a possibilidade de criação de um selo de identificação do maracujá Luz da Manhã, indicando ao consumidor final sobre os atributos dessa fruta”, conclui.