O Paraná exportou 4,73 milhões de toneladas de milho em 2023, maior volume da série histórica iniciada em 1997. O recorde anterior havia ocorrido em 2019, com um volume pouco menor – 4,7 milhões de toneladas.

As informações são do sistema Agrostat, ferramenta do Ministério da Agricultura que traz dados consolidados das exportações e importações brasileiras no segmento do agronegócio.

Edmar Gervásio, analista do Deral (Departamento de Economia Rural) – órgão ligado à Seab (Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento) –, explica que o Paraná não é tradicionalmente um grande exportador de milho, comercializando para o exterior, em geral, o seu excedente.

“Como a safra passada foi muito boa, naturalmente o excedente foi exportado, gerando um novo recorde para o Paraná”, pontua.

DOBRO

Com sede em Londrina, a Integrada Cooperativa Agroindustrial praticamente dobrou as exportações de milho em 2023 na comparação com o ano anterior – o volume saltou de pouco mais de 200 mil toneladas em 2022 para cerca de 400 mil toneladas no ano passado.

O volume de milho exportado representou quase 40% de todo o cereal comercializado pela cooperativa em 2023 – 1,1 milhão de toneladas vendidas.

Maquiel Cagol, gerente comercial da Integrada, analisa que esse crescimento ocorreu em decorrência do aumento da demanda global, sendo a China um dos principais compradores.

“Outro fator foi a quebra da safra argentina, que abriu um `gap´ no mercado e oportunizou ao Brasil suprir essa falta. E também temos o desempenho do produtor brasileiro, visto que a produtividade em 2023 teve um incremento de quase 18 milhões de toneladas de milho na comparação com 2022”, lista.

O gerente acrescenta que o faturamento com as exportações de milho, porém, não acompanhou a alta dos volumes comercializados – a cooperativa faturou R$ 394 milhões com a modalidade em 2023, R$ 86 milhões a mais que no ano anterior.

“Isso ocorreu em virtude da redução no valor da commodity”, analisa. Esse montante de quase R$ 400 milhões representou cerca de 5% do faturamento total da cooperativa.

Devido à capilaridade geográfica das unidades da Integrada, o milho da cooperativa sai do país escoado praticamente via três portos, localizados em três estados distintos: Santos (SP), Paranaguá (PR) e São Francisco do Sul (SC). Os maiores destinos do milho exportado em 2023 pela Integrada foram Japão, China, Taiwan e Vietnã.

DESAFIOS

O gerente destaca que um dos desafios enfrentados em 2023 foi a fitossanidade, visto que o milho precisa estar dentro dos padrões internacionais de qualidade e segurança.

“A presença de resíduos de produtos fitossanitários, de sementes de ervas daninhas, insetos, fungos, isso tudo condena a qualidade do milho para exportação”, diz. Diante desse quadro, as vistorias em cargas para exportação ficaram mais rigorosas.

CADEIA

O técnico Edmar Gervásio acrescenta que o Paraná, diferentemente do Mato Grosso (maior produtor de milho), conta com exportações de frango e de suínos que se utilizam do milho na produção.

“Assim, o Paraná exporta um produto com maior valor agregado, em vez do milho in natura. A tendência para os próximos anos e até de haver diminuição das exportações de milho, pois deverá usado para produção de carne, com tendência de aumento.”

As exportações de milho pelo Paraná em 2023 atraíram mais de R$ 5,7 bilhões para a balança comercial do Estado, representando 6% do valor das exportações do agronegócio paranaense no ano passado. Os atores principais das vendas externas de milho são, basicamente, as cooperativas agroindustriais.

A China é o principal destino das exportações de milho paranaense, com 32% de participação em 2023. Na sequência vem o Japão, com 28%.

No ano passado, o Paraná foi o terceiro maior exportador de milho do Brasil, fiando atrás de Mato Grosso e Goiás. “A tendência é permanecer em terceiro ou até perder posição para Mato Grosso do Sul, pois a produção de milho no Paraná foca a transformação em proteína e não a exportação”, conclui Gervásio.

RANKING

O milho é o terceiro produto agropecuário que mais gera riquezas ao agronegócio paranaense.

Levantamento realizado pelo Deral mostra que o VBP (Valor Bruto da Produção) da cultura (2ª safra) alcançou R$ 16,1 bilhões em 2022, uma participação de 8,4% no VBP total.

O milho ficou atrás apenas da soja 1ª safra (R$ 35,3 bilhões e 18,4% de participação) e do frango de corte (R$ 34,2 bilhões e 17,8% de participação no VBP total).

NACIONAL

No cenário nacional não foi diferente. O Brasil renovou o recorde do ano anterior, superando-o em mais de 10 milhões de toneladas.

O Brasil exportou 55,8 milhões de toneladas de milho em 2023, ante o volume de 43,16 milhões registrado em 2022. O montante financeiro foi de aproximadamente R$ 67 bilhões no ano passado.