Município do sudoeste do Paraná, Palmas é o maior produtor de maçãs do Estado, com 32% de participação no volume produzido em 2022. O VBP (Valor Bruto da Produção) da fruta alcançou R$ 16,7 milhões no município no ano passado, proveniente do cultivo de 8,5 mil toneladas em 353 hectares de terras.


O levantamento foi feito pelo Deral (Departamento de Economia Rural), órgão ligado à Seab (Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento).


O produtor de maçãs e consultor Ivanir Leopoldo Dalanhol, diretor técnico da ABPM (Associação Brasileira de Produtores de Maçã), destaca que condições edafoclimáticas (relativas ao solo e ao clima) favorecem a produção de maçãs em Palmas. “No município, o clima é temperado com bastante frio no inverno. Além disso, existe tecnologia adequada à produção de maçãs”, acrescenta.


Hoje a produção da fruta está concentrada em somente 15 produtores, que incluem famílias e algumas empresas. A variedade mais cultivada é a fuji, com 58% de participação, seguida da gala (38%) e da eva (4%).


“As maçãs têm uma importância relevante em função dos empregos criados no município. De modo geral, são criados 5 empregos diretos e indiretos por hectare de área plantada”, destaca o diretor da associação. As maçãs são produzidas em pouco mais de 350 hectares de terras, provocando a geração de aproximadamente 1.750 empregos diretos e indiretos.


A produção do município localizado na divisa com Santa Catarina é destinada para todos os grandes centros do Brasil, incluindo grandes municípios do Nordeste, de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Mato Grosso e de Minas Gerais.


DESAFIOS
Com relação aos desafios enfrentados pelos produtores, o diretor aponta a renovação dos pomares com variedades resistentes a algumas doenças, situação que hoje impacta muito no custo de produção.


“A grande maioria dos produtores tem assistência técnica contratada. A prefeitura faz um trabalho muito interessante com assistência técnica a pequenos produtores assentados que produzem maçãs para a merenda escolar”, acrescenta.


O diretor cita ainda um projeto produto de parceria entre a ABPM e a Prefeitura de Palmas, que prevê um subsídio por parte do governo municipal para viabilizar a produção de mudas com custo mais baixo. “A ideia é renovar os pomares com variedades mais adaptadas à região”, conclui.


TRADIÇÃO

O produtor Carlos Alberto Lovo vem de uma família que figura entre as pioneiras no cultivo da maçã no Paraná. O pai, Geraldo, deu início à atividade ainda na década de 1970 em Palmas – ele faleceu há pouco mais de um ano.


Em 1989, a família criou a empresa, Pomar Lovo, que hoje comercializa maçãs para praticamente todo o Brasil, alcançando estados como São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e da Região Nordeste. “É um mercado bastante exigente em termos de qualidade”, destaca.


O produtor acrescenta que o cultivo da maçã é uma atividade lucrativa em alguns anos e chega a ser deficitária em outros. “Mas é uma atividade fascinante, apaixonante. Usamos o que tem de ponta para a produção de maçã, produtos atuais, informações atuais. Na Europa, como a mão de obra é mais cara, lá é mais mecanizado”, compara.


Hoje a produção de maçã se dá em uma área de 40 hectares em Palmas, com uma produção que gira em torno de 1 mil toneladas ao ano.“Há uma variação ano a ano, sendo que um dos problemas são as intempéries. Esse ano a produção deve ser menor por causa do excesso de chuva na florada”, conclui.


ESTATÍSTICAS
Com 1,3 milhão de toneladas e um VBP apontado pelo IBGE de R$ 710,4 milhões em 2022, a maçã foi cultivada em 33,3 mil hectares em nível nacional, sendo a 14ª fruta em área, 12ª em volumes colhidos e a 10ª em Valor Bruto da Produção.


Os estados de Santa Catarina (54,7%), Rio Grande do Sul (41,6%) e Paraná (2,8%) participaram com 99,1% das colheitas nacionais.


“Com uma produção de 26,5 mil toneladas colhidas em 984 hectares e um VBP de R$ 52,3 milhões em 2022, a maçã representou 2% do volume da fruticultura no Paraná”, destaca Paulo Andrade, engenheiro agrônomo do Deral.


Segundo o técnico, a produção estadual está concentrada na Região Metropolitana de Curitiba (47,5%), no Sudoeste e nos Campos Gerais, com 32% e 13% de participação, respectivamente.


Atrás de Palmas, Lapa é o segundo maior produtor de maçãs no Paraná, com 19,2% de participação estadual, seguido de Campo do Tenente (17%) e Porto Amazonas (12,5%).


CEASA

Nas unidades da Ceasa do Paraná em 2022, a maçã foi a 1ª em valores praticados e a 5ª colocada em volumes comercializados em um ranking levando-se em conta a comercialização da fruta nos entrepostos.


Passaram pelas unidades da Ceasa 48,8 mil toneladas de maçãs a R$ 319 milhões no ano passado, provenientes principalmente dos pomares de Santa Catarina (43,7%) e do Rio Grande do Sul (41,6%). Do Paraná, a parcela foi de 9%.