Imagem ilustrativa da imagem Chuva anima produtores para o plantio de soja

A chuva que caiu nesta semana deu novo ânimo aos produtores que esperavam para fazer o plantio da soja. É o caso de Moisés Ricardo de Souza conseguiu, de São Sebastião da Amoreira, no norte do Paraná. “Esta chuva salvou a pátria, estava muito apreensivo. Se a chuva não viesse, eu teria que fazer o replantio, iria dar problema”, destacou.

Ele conseguiu plantar 20% de soja na área total de 220 hectares na sua propriedade. No ano passado, nesta mesma época, ele já havia conseguido plantar 70%. “A falta de chuva provocou um atraso de 10 dias no plantio”, calculou.

Como a FOLHA vem mostrando há algumas semanas, o ciclo de plantio da soja foi prejudicado pela estiagem que castigou o estado do Paraná. Até o início desta semana, havia sido semeada cerca de 16% da área de 5,5 milhões de hectares estimados para esta safra no Estado. No mesmo período de 2019, o índice chegava a 30%, praticamente o dobro.

Nas propriedades das regiões de Londrina e Maringá, por exemplo, até o início desta semana, ainda não havia registros do plantio de soja, segundo o Deral (Departamento de Economia Rural) da Secretaria Estadual da Agricultura.

O problema do atraso não é influir na produtividade da soja em si, mas pode afetar a entressafra, quando produtores paranaenses plantam milho ou trigo na mesma área. O replantio da soja na sequência não é feito por conta da prevenção contra pragas, como a ferrugem asiática.

“O ideal é plantar o milho até o final de fevereiro. Quanto mais atrasar, maior será o risco de a plantação ser afetada pela geada”, explica Dirlei Antonio Manfio, técnico em agropecuária do Deral.

Irrigação

A grande questão que surge é, diante tanta secura, se os produtores podem se planejar para não ficarem tão dependentes do clima. “O produtor está à mercê do clima, não tem o que fazer. A irrigação não é viável para ser utilizada na lavoura de soja no Paraná, já que o custo é muito alto mesmo para os grandes produtores.”

A estiagem prolongada começou desde junho do ano passado no Paraná. Em julho deste ano, a região com maior índice pluviométrico registrou somente 50% da média história em precipitação. Em agosto, todas as regiões registraram chuva acima da média, mas que não repôs o déficit hídrico. “Em setembro, a região onde houve mais chuva registrou apenas 30% da média histórica.”

O plantio da soja no Paraná é feito geralmente de setembro a dezembro e a colheita vai de fevereiro a maio. Na sequência, os produtores costumam plantar milho e/ou trigo.

Atraso

Apesar do atraso, Moisés Ricardo de Souza está muito otimista com relação à produção de soja nesta safra. Na colheita passada, ele relembra que conseguiu uma lucratividade de 60%.

“Se eu conseguir a mesma produtividade nesta safra, creio que será possível obter 100% de margem de lucro, mesmo com os custos de produção 10% maiores que no ano passado”, projeta. Moisés comercializou a saca de soja na safra passada por R$ 80. “Se eu fosse vender hoje, o preço já estaria em R$ 130”, compara.

Por conta do atraso no plantio da soja, porém, a preocupação de Moisés é que não dê tempo de plantar o milho no ano que vem no período de entressafra, de modo que a produção possa ser coberta pelo seguro. “O limite para fazer o seguro é plantar até 10 de março, não sei se vai dar tempo”, afirmou.

Ele acrescenta que planta milho e trigo na entressafra. “Planto 50% de cada, mas com certeza vou ter que mudar essa proporção”, conclui.

Impacto

Com uma propriedade em Medianeira, no oeste do Paraná, o produtor Ivan Wernke já conseguiu plantar em 70% da área total. No entanto, a falta de chuva provocou um pequeno atraso em sua propriedade, já que a previsão inicial era que, até no último dia 5, todo o plantio já estivesse concluído.

“Não tinha umidade no solo, tive que esperar um pouco. Como choveu esta semana, 36 mm, creio que neste final de semana já conseguirei plantar o restante se não chover mais”, destacou.

“Mas vai atrasar a safrinha do milho após a colheita da soja, aí terei prejuízo. Eu tinha expectativa de plantar entre o final de janeiro e a metade de fevereiro e não vou conseguir, então a produtividade vai ser menor porque a safrinha vai pegar mais frio”, conclui.