Paraná ocupa a terceira posição no ranking nacional das exportações  do setor em 2020
Paraná ocupa a terceira posição no ranking nacional das exportações do setor em 2020 | Foto: Claudio Neves/AEN

O agronegócio é a grande alavanca das exportações paranaenses. Neste ano, de janeiro a novembro, o setor foi responsável por 81,6% do total das vendas externas. Dos US$ 15,4 bilhões exportados, US$ 12,5 bilhões foram relativos a produtos do agronegócio. Os dados são dos ministérios da Agricultura e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

Esses números mantêm o Paraná na 3ª posição no ranking nacional das exportações do setor em 2020, correspondendo a 13,42% do volume brasileiro, que foi de US$ 93,6 bilhões, atrás apenas do Mato Grosso (17,71%) e São Paulo (16,9%).

Dentro do agronegócio paranaense, a soja é a grande vedete que vem ganhando maior participação nas vendas externas.

Prova disso é que o faturamento com as exportações do complexo soja (grão, óleo e farelo) no Paraná já cresceu 27%, de R$ 4,7 bilhões em 2019 para R$ 5,98 bilhões neste ano (janeiro a novembro).

O número de toneladas comercializadas, por sua vez, registrou um aumento de 29%, de 13,26 milhões no ano passado para 17,1 milhões de toneladas de janeiro a novembro de 2020.

Segundo Salatiel Turra, chefe do Deral (Departamento de Economia Rural) da Secretaria de Estado da Agricultura, o crescimento nas exportações de soja pode ser explicado por alguns fatores. “A valorização do dólar frente ao real estimulou as cooperativas a exportar mais, entrando mais divisas para o Estado”, explica.

Outro ponto que impactou no maior espaço da soja nas exportações foi a safra 2019/2020, recorde em termos de produtividade. Além disso, os produtores paranaenses tinham produto de qualidade para exportar frente ao mercado extremamente rigoroso lá fora.

“As companhias que fazem as negociações venderam e lucraram mais. Consequentemente, o produtor também teve um reflexo positivo, porque as companhias tiveram condições de pagar mais para ele”, declarou.

O chefe do Deral exemplificou que, no início de 2019, o preço da saca de 60 quilos de soja custava entre R$ 60 e R$ 70. “Neste ano o valor atingiu R$ 150, R$ 155 a saca, mais que o dobro”, comparou. Esses valores se referem ao preço médio da saca comercializada por produtores paranaenses.

Outro fator que incentivou a exportação de soja foi a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos. O país oriental deixou de comprar soja dos norte-americanos e esse cenário representou uma abertura de espaço para o mercado brasileiro. “A China é a maior consumidora de soja do mundo”, pontuou Salatiel.

A tendência, segundo ele, é que o cenário positivo continue nos próximos meses. “A demanda da China se mantém. A tendência é que nos próximos seis meses os preços permaneçam ou registrem uma pequena queda, já que a cotação do dólar caiu um pouco. Não creio que o Biden

[presidente eleito dos EUA] consiga já retomar o acordo com a China”, concluiu.

Um grande ano

Com sede em Campo Mourão (PR), a Coamo – maior cooperativa agrícola da América Latina – comemora o excelente resultado obtido com as exportações de soja neste ano.

Enquanto o volume exportado do complexo soja cresceu 22% em 2020, o faturamento foi muito mais além – 52% maior em comparação ao ano passado.

O volume exportado do complexo soja saltou de 3,5 milhões de toneladas em 2019 para 4,3 milhões de toneladas neste ano. A receita subiu de R$ 5 bilhões no ano passado para R$ 7,6 bi em 2020. As vendas do complexo soja representaram 57% da comercialização total conduzida pela cooperativa neste ano.

“Em 2020 tivemos uma produtividade de soja excepcional, maior que 2019, e o aumento do faturamento se deve à valorização do dólar”, explica Rogério Trannin de Mello, diretor comercial da Coamo.

A China é o grande destino das exportações da Coamo – neste ano, o país oriental absorveu 59% do volume de complexo soja exportado pela cooperativa. Em segundo lugar ficou a Holanda, com 18% de participação, seguida da Alemanha, com 7,5%. Ao todo, a Coamo exporta soja para 18 países.

Para 2021, as perspectivas são extremamente positivas. “No início de 2020, o câmbio ainda estava em R$ 4,14 e agora vem se mantendo em níveis de R$ 5. O apetite da China segue alto para a soja e para o milho, e acreditamos que continuará assim por mais três anos pelo menos. Os preços da soja em dólar subiram e os estoques mundiais diminuíram.”

Com relação à produtividade da próxima safra, o diretor pondera que ainda é cedo para saber com certeza como será. “Por enquanto a lavoura vem se recuperando, tivemos uma forte seca principalmente em setembro e outubro, e talvez não tenhamos a safra toda que tivemos em 2020”, concluiu.

O maior comprador

A China é o maior país importador de soja do Paraná. Dentre o total do faturamento com as vendas do complexo soja (grão, óleo e farelo) para o exterior no ano passado, 64% foi proveniente da China. Neste ano, de janeiro a novembro, a participação chinesa nas importações cresceu, alcançando 70%.

Se for considerado só o grão de soja, o bem é ainda mais exportado pelo Paraná para a China. Neste ano, de janeiro a novembro, a venda do grão representou 90% do faturamento com o complexo soja, e no ano passado inteiro representou 89%.

Além disso, o volume financeiro exportado do Paraná para a China referente ao complexo soja aumentou 37% em 2020 (janeiro a novembro) em comparação a 2019 (janeiro a dezembro). O volume de toneladas exportadas, por sua vez, cresceu 41%.