De acordo com a psicooncologista Maria Laura Garcia Sapia Monteiro, do Hospital do Câncer de Londrina, a retirada da mama é capaz de abalar toda a estrutura da paciente. ''No momento que a mulher se descobre doente, o objetivo dela é se livrar daquele problema e da possibilidade de morte a qualquer custo'', diz. A psicóloga acrescentou que quando a paciente passa pelo tratamento e vislumbra a cura ou o controle da doença, fica mais fácil assimilar o quadro.
Maria Laura explica que durante o tratamento, a mulher precisa lidar com o sentimento de perda e luto diversas vezes. ''Ela precisa elaborar a perda da saúde, do cabelo e da mama. É um processo doloroso que precisa ser administrado para que ela possa dar sequência a sua vida''. A psocooncologista, acrescentou que quando a etapa do tratamento é finalizada a mulher passa a se perceber melhor e começa a pensar na reconstrução da mama.
''Quando ela se vê livre do câncer, começa a viver uma segunda etapa que é a reconstrução. Isso envolve o resgate da autoestima, do convívio social, da segurança e da autoconfiança'', avalia a psicóloga.
Por conta da insegurança causada pela retirada da mama, o convívio com o parceiro e outras pessoas fica prejudicado. A psicóloga disse que é comum a mulher optar pelo isolamento e não deixar que o parceiro a veja ou a toque. ''Com o tempo ela destrói estes conceitos e se adapta à nova condição. Depois da reconstrução o sentimento é de realização'', destaca. Apesar da maioria das mulheres optar pela reconstrução da mama, esta não é uma decisão unânime.
''Algumas percebem que não foram rejeitadas pelo parceiro, que as pessoas não olham com desprezo e vivem bem apenas com a prótese provisória, que é colocada dentro do sutiã'', disse.(M.A.)