Resolução recentemente aprovada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) recomenda que o teste ergométrico, ou teste de esforço, seja sempre acompanhado por um médico. A medida é alvo de polêmica, já que além de ser utilizado por cardiologistas, o exame também é aplicado por professores de Educação Física para avaliar as condições físicas dos alunos.
O secretário geral do Conselho Federal de Medicina (CFM), Henrique Batista e Silva, explica que o objetivo da entidade é estabelecer o teste como ato médico, já que o procedimento tem grande importância no diagnóstico de doenças cardíacas. "Nós legislamos para a nossa classe e entendemos que os médicos não devem delegar para outros profissionais a realização deste exame. O objetivo da medida é proteger o paciente", defende ele em relação à resolução 2021/13. Enquanto isso, professores de Educação Física questionam este posicionamento e consideram os profissionais da categoria aptos a acompanhar um paciente durante estas avaliações.
O teste ergométrico é realizado para avaliar o funcionamento do coração. O esforço físico gradual e crescente a que o paciente é submetido possibilita observar itens como frequência cardíaca, alterações da pressão arterial e dados do eletrocardiograma. O principal objetivo deste teste é identificar com segurança se o paciente apresenta alguma doença arterial coronária. Por este motivo, os cardiologistas defendem a realização do exame antes do indivíduo iniciar a prática de atividades físicas recreativas ou profissionais.
O secretário do CFM aponta que apesar de ser registrada apenas uma morte para cada dez mil exames realizados – e do risco ser considerado muito baixo pela categoria –, as complicações existem e é dever do médico proteger o paciente. E, para isso, ele precisa estar presente na hora que o exame for realizado.
De acordo com Silva, a preocupação do CFM se dá porque em alguns locais o médico realiza vários exames simultaneamente com auxílio de outros profissionais. "Nós achamos que este é um risco muito grande. O médico só pode acompanhar um exame de cada vez e outras pessoas que o fizerem devem se responsabilizar pelos riscos", defende. Para ele, o médico deve dar o diagnóstico e os professores de Educação Física apontar quais são os exercícios mais adequados para cada indivíduo.
Antônio Eduardo Branco, presidente do Conselho Regional de Educação Física do Paraná (CREF-PR), defende que a exigência do CFM não é válida. "O aluno pode fazer o teste com o cardiologista e passar mal uma hora depois, quando o médico não estiver mais presente", aponta. "A prerrogativa do teste de esforço é do profissional de Educação Física, é claro que pode e deve ser assistido pelo cardiologista. Não sou contra o médico fazer o teste de esforço, desde que ele seja habilitado para tal", complementa Branco.
Conforme ele, quando o profissional de Educação Física detecta alguma arritmia ou cardiopatia durante o teste, o paciente é encaminhado para o cardiologista. "Recomendamos que a pessoa faça o acompanhamento com especialista e depois volte para fazer atividade física", explica. O presidente do CREF–PR considera complicado o fato de todos os médicos serem habilitados a realizar e pedir testes ergométricos. "Eu não vejo com bons olhos esta medida sem ser discutida com outros profissionais que também fazem o teste. É seguro que o profissional de Educação Física acompanhe este exame e eu acredito que as academias devem se cercar de todo o aparato necessário – como convênios médicos com ambulâncias – para atender urgências que possam acontecer em qualquer momento do treino", aponta.

Continue lendo:

- O mesmo exame com objetivos diferentes