Imagem ilustrativa da imagem Pneumonia não descansa no verão
| Foto: Gina Mardones
Fernanda Oliveira comemora a recuperação da filha Lívia, que ficou 45 dias internada: "Foi muito grave o caso dela. É um milagre de Deus ela estar aqui"


O clima frio e a aglomeração de pessoas em ambientes fechados fazem do inverno a estação mais propícia para a ocorrência de pneumonias. Não significa, porém, que os micro-organismos transmissores dessa doença não ataquem também nas estações mais quentes. Isso porque ventiladores e aparelhos de ar condicionado não higienizados corretamente ajudam a propagar esses germes. Números do Ministério da Saúde mostram que a cada três hospitalizações por pneumonia ocorridas no último inverno, quase duas foram registradas no verão passado. Em Londrina, especialista chama a atenção para aumento nos casos de pneumonia necrosante, uma versão grave da doença.

Entre dezembro de 2015 e fevereiro de 2016, 114.351 pessoas foram internadas com pneumonia nos hospitais ligados ao Sistema Único de Saúde (SUS) de todo o Brasil. O número é bastante representativo quando confrontado às 176.682 hospitalizações verificadas no inverno seguinte, entre junho e agosto. As taxas de internações e mortalidade são especialmente altas entre crianças menores de 5 anos. "Nessa faixa etária, o sistema imunológico ainda não tem maturidade, por isso eles são mais suscetíveis à doença. Idosos e portadores de doenças crônicas, como cardíacos, asmáticos, hipertensos, também têm mais chances de evoluir mal a doença", afirma o pneumopediatra do Hospital do Coração, Claudio Amorim.

Segundo ele, neste ano, muitos casos de pneumonia necrosante – uma complicação grave da doença – foram registrados em Londrina, inclusive com óbitos. "Esses casos graves têm acontecido, principalmente, no outono e na primavera. Eu passo por praticamente todos os hospitais de Londrina e tenho visto muitos casos de pneumonia necrosante", conta Amorim.
Apesar de ser pequena a proporção de pacientes que sofrem esse tipo de complicação entre os casos de pneumonia – de 2% a 3% dos casos – o assunto é preocupante porque a evolução da doença nas crianças se dá de forma muito rápida. Que o diga Fernanda Oliveira, que enfrentou o problema com a filha Lívia, de apenas um ano e quatro meses de idade. "Ela estava em tratamento contra bronquite e um dia começou a ficar com a respiração difícil, tosse, febre. Achei que era resfriado, mas em três dias virou pneumonia necrosante", conta.

Lívia ficou 45 dias internada, a maior parte do tempo na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e entubada porque já não conseguia respirar por conta própria, teve que passar por uma cirurgia para que a parte necrosada do pulmão fosse retirada e até hoje, quase seis meses depois de deixar o hospital, ela continua em tratamento com medicamentos. "Foi muito grave o caso dela. É um milagre de Deus ela estar aqui", resume a mãe.

RESFRIADO
A pneumonia, quase sempre, surge a partir de uma gripe ou um resfriado. Segundo Amorim, a cada 100 crianças menores de 5 anos que ficam resfriadas, duas ou três acabam evoluindo para pneumonia. Isso porque essa é uma doença oportunista, que se aproveita da baixa imunidade do organismo. "A pneumonia pode ser provocada por vírus, bactérias ou fungos. Na grande maioria dos casos, a pneumonia é bacteriana, mas muitas vezes a infecção por bactéria coexiste com a infecção viral. O vírus serve de gatilho para permitir que a bactéria se instale", explica Amorim.

Nem toda criança evolui mal diante de uma pneumonia. De acordo com o pneumopediatra, apenas 10% dos casos sofrem algum tipo de complicação. "Na maioria das vezes, não é necessária a internação. Feito o diagnóstico, o tratamento pode ser feito em casa, observando sempre sinais de piora", ressalta. E os sinais de piora, segundo ele, incluem grande dificuldade para respirar, lábios arroxeados, vômito, febre incessante e sonolência mesmo fora dos períodos de febre. Já os sintomas que indicam que um resfriado está se tornando pneumonia são: febre alta, tosse úmida, coriza, dificuldade para respirar e abatimento.