Imagem ilustrativa da imagem Mudança de comportamento indica CCL
| Foto: Marcos Zanutto
"A memória mais importante é a recente, é o que aconteceu há pouco tempo. É essa que o CCL e a demência afetam", alerta o neurologista Fábio Porto



Apesar de se dar mais atenção às funções cognitivas afetadas pelo CCL, o problema também provoca mudanças comportamentais. "Esse comprometimento no comportamento é muito negligenciado, mas 59% das pessoas com CCL apresentam mudanças no comportamento, ainda que de forma sutil", explica o neurologista Fábio Porto. Segundo ele, alguns estudos apontam que a mudança de comportamento surge antes mesmo das alterações nas funções cognitivas. "É um sintoma que muitas vezes precede a perda de memória", afirma.
De acordo com a psiquiatra do Centro Integrado de Neuropsiquiatria e Psicologia Comportamental (CINP), Kamylle Mota, essas alterações comportamentais provocadas pelo CCL, na maioria das vezes, intensificam alguns traços já presentes na personalidade. "O CCL prejudica o que chamamos de freio natural de impulsos, vontades, desejos. Então, vai potencializar comportamentos preexistentes", explica.
Mas também há casos, mais raros, de uma mudança radical no comportamento. "Em casos de demência frontal, há uma alteração muito brusca no comportamento. Ela vira outra pessoa", conta a psiquiatra.
Os sintomas mais comuns observados na mudança comportamental provocada pelo CCL, segundo Kamylle, são parecidos aos da depressão: agitação, apatia, ansiedade e impulsividade. Isso faz com que o diagnóstico de CCL a partir da mudança comportamental não seja tão simples. "Se você tem, por exemplo, um idoso que se tornou apático e agitado sem ter histórico de depressão, fica mais fácil diagnosticar um CCL. Mas se ele já apresentou um quadro depressivo, os sintomas se misturam e o CLL só vai ficar mais evidente quando o problema progredir", detalha. (J.G.)