A hipercolesterolemia familiar (HF) é uma alteração dos níveis de colesterol que pode ser tanto homozigótica - em que ambos os pais transmitem a doença, como heterozigótica - em que só um deles faz esse papel. A HF homozigótica chega a provocar problemas cardíacos em crianças com pouco mais de uma década de vida.
Os sobrinhos do comerciante Givaldo Santos Filho, de 44 anos, começaram a tomar medicamentos a partir dos 10 anos de idade. "Um deles já está com 22 anos e cursa Medicina e o outro também toma desde os 12 anos", relata. O próprio comerciante também apresentou colesterol alto desde jovem, quando tinha 28 anos. Com 33 anos, ele sofreu um infarto.
O médico relatou a Givaldo que não adiantava apenas controlar a alimentação, porque, no caso dele, essa medida não era suficiente para reduzir os níveis de colesterol e recomendou a cirurgia de ponte de safena. "O meu nível de colesterol é de 220 mg/dL de colesterol total. Esse resultado foi medido tomando medicamento, a estatina. Sem o remédio, cheguei a atingir 380 mg/dL. E mesmo tomando a medicação todos os dias, o LDL não chega no nível ideal", observa.

CUSTO
Ele relata que tem acompanhado as notícias de novos medicamentos para combater o colesterol alto e ficou sabendo do evolocumabe. "Essa droga nova é uma esperança, mas as notícias, que tive acesso, apontam que não é um medicamento barato. Os primeiros valores podem ficar entre 7 mil a 12 mil dólares por ano", afirma. Segundo o cardiologista londrinense Fernando Reiche, que é o médico de Givaldo, provavelmente, este medicamento chegará ao mercado com alto custo.
Segundo Giulliano Anoardo, diretor de Marketing e Vendas da Amgen no Brasil, o laboratório só está esperando a definição de preço junto à Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) e explicou que qualquer afirmação quanto ao preço dele neste momento é mera especulação. Ele ressaltou que, em breve, receberá esta resposta e que, após esta resolução, o produto estará disponível no mercado brasileiro em até dez dias.
Reiche ressaltou que, em casos graves, a alternativa é válida, pois a hipercolesterolemia familiar é a causa genética mais frequente de doença arterial coronariana prematura e gera uma importante redução da expectativa de vida.
"Na forma heterozigótica, estima-se prevalência de um em cada 500 pessoas, porém ainda é bastante subdiagnosticada. Sem tratamento, mais da metade dos homens acometidos apresentará um evento coronariano antes dos 60 anos. Na forma homozigótica da doença, bem mais rara (estimada em um caso para cada 1 milhão de pessoas), o LDL habitualmente é maior que 500; normalmente estes pacientes apresentam infarto antes dos 30 anos", frisa.
Para quem tem hipercolesterolemia familiar, o LDL é bastante elevado e essas pessoas possuem tendência a ter infarto precoce. "Até hoje existem dois medicamentos desta classe liberados nos EUA. O medicamento é o primeiro aprovado no Brasil com esse princípio ativo. Atualmente, o tratamento da dislipidemia em adultos baseia-se nas estatinas e no ezetimibe. Esta medicação mostrou redução adicional de até 70% do colesterol LDL sobre o tratamento padrão", apontou.
"A aplicação será subcutânea, quinzenal ou mensal, e será inicialmente voltada para quem tem hipercolesterolemia familiar ou intolerância ao tratamento padrão. Ela apresenta poucos efeitos colaterais e, quando ocorrem, são reações cutâneas no local da aplicação ou mialgias", explica. (V.O.)