Imagem ilustrativa da imagem VIOLÊNCIA - ‘Sem diálogo não dá para educar’
| Foto: Gustavo Carneiro
Rita de Cássia dos Santos com dois dos seus cinco filhos: medo do tráfico



A florista Rita de Cássia Bernardo dos Santos cria os cinco filhos entre 5 e 24 anos no mesmo bairro periférico da zona leste de Londrina onde ela mesma cresceu. Por ter visto muitos amigos de infância morrerem por overdose ou assassinados por traficantes, ela tem muito medo dos efeitos do tráfico e das drogas. Por isso, investe na educação da família para tentar protegê-los deste perigo. A estratégia, garante, está dando certo.
Os três meninos mais velhos, já maiores de idade, atualmente estudam, trabalham e "estão se encaminhando na vida". Os dois mais novos, um menino de 12 e uma menina de 5, agora são a prioridade da mãe no que diz respeito à segurança. "Fiquei viúva do pai dos mais velhos aos 24 anos e sempre precisei trabalhar, acabo levando as crianças comigo", conta ela, que cultiva e vende plantas ornamentais na feira junto com o seu pai, um policial aposentado.
O maior medo de Cássia é o possível contato dos filhos com as drogas, uma realidade escancarada no bairro onde vivem. "Meus filhos mais novos não podem mais brincar na rua, como os mais velhos brincavam, porque o tráfico coopta gente muito jovem. Os adolescentes veem traficantes da mesma idade com tênis novos, pedindo pizza e refrigerantes... Isso acaba despertando a vontade de querer ter as coisas", acredita.
Como não pode estar com os filhos o tempo todo, Rita aposta na conversa frequente e franca sobre todos os assuntos para tentar orientá-los. "Meu filho de 12 anos pega ônibus sozinho para ir à escola. Todos os dias eu converso sobre os riscos", conta. Outra estratégia de Cássia é passar bastante tempo com as crianças. "A gente brinca, conversa e assiste a filmes. Depois de enfrentar algumas dificuldades, entendi que sem diálogo a gente não consegue educar os filhos", ensina. (C.A.)