Imagem ilustrativa da imagem A industrialização de presente
| Foto: Gustavo Carneiro



Londrina completa 83 anos neste domingo (10) como 13ª cidade mais empreendedora do País. Esse status foi conferido pela Endeavor Brasil em estudo divulgado mês passado. A cidade caminha para seu primeiro centenário tendo consolidado sua vocação para o comércio e os serviços, principalmente nas áreas de educação e saúde. E quer agora fortalecer sua indústria.
Com uma população de 558.439 habitantes, segundo projeção do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), Londrina é o segundo maior município do Estado e tem se destacado na área de tecnologia. Esse potencial é considerado decisivo para a instalação na cidade de um escritório do CTI Renato Archer (Centro de Tecnologia da Informação), autorizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e Comunicações, em agosto deste ano.
O coordenador geral de Competências Institucionais do CTI, Cláudio Romanelli, explica à FOLHA que um dos motivos que pesaram para a escolha de Londrina foi a organização do setor na cidade. "A existência de um APL (Arranjo Produtivo Local) de TI organizado foi uma das coisas que pesaram", afirma.
Ele também cita que "o fato de a cidade ter a única empresa pública de telecomunicações do País (a Sercomtel) também foi levado em conta." Por meio da rede da telefônica municipal, Romanelli acredita ser possível desenvolver soluções relacionadas à internet das coisas.
"A indústria de TI deve ser o carro-chefe nos próximos anos, mas só isso não basta. Precisamos trazer a indústria tradicional, de todas as áreas para termos um equilíbrio", comenta Ary Sudan, presidente do Fórum Desenvolve Londrina.
Na avaliação da entidade, a cidade precisa de um parque industrial para abrigar empresas de médio e grande portes, com infraestrutura viária, de saneamento e energia e licenciamentos ambientais. "Você tem que estar preparado antes de vir a empresa e não o contrário. Hoje, vemos que onde se cria um parque industrial, rapidamente se desenvolve a indústria", ressalta Sudan.

Setor público
A cidade, lembra o presidente, também precisa equipar melhor o setor público para liberar com mais agilidade os processos necessários para a implantação de novos negócios. E ainda buscar engajar as lideranças e empresários locais no desenvolvimento de estratégias de crescimento. "Os empresários precisam entender que temos que trabalhar juntos para que a nossa cidade seja melhor",
destaca.
Mas acima de tudo, de acordo com ele, Londrina necessita definir com urgência seu planejamento estratégico e com mais precisão as áreas onde os empreendimentos podem se instalar. "Londrina precisa de uma indústria que participe de 20% a 30% do PIB (Produto Interno Bruto) municipal", afirma. Hoje, o setor industrial responde por apenas 17% do PIB.

Projeto da Cidade Industrial deve ser concluído em 2018

Londrina deve ganhar um parque industrial em breve. Pelo menos é o que afirma o prefeito Marcelo Belinati (PP). O Sinduscon Norte (Sindicato da Indústria da Construção do Norte do Paraná) e o Ceal (Clube de Engenharia e Arquitetura de Londrina) estão elaborando o projeto da Cidade Industrial na zona norte. A intenção é que esse projeto esteja consolidado em 2018.
De acordo com o prefeito, o desenvolvimento econômico faz parte de uma das três linhas de trabalho de seu governo. E passa pelos seguintes pilares: desburocratização, incremento do turismo de eventos e de novas empresas e indústrias.
O projeto da Cidade Industrial prevê áreas para médias e grandes empresas dotadas de toda a infraestrutura necessária para seu funcionamento. "Nos últimos anos, 88% das empresas que ganharam terreno não se instalaram aqui. Vamos mudar esse modelo. A ideia é vender os terrenos e com esse recurso investir na infraestrutura. Também estamos buscando linhas de crédito para as obras de infraestrutura", afirma o prefeito.
Belinati considera que Londrina está consolidada como polo educacional e tecnológico. "Tivemos a chegada da Universidade Positivo, a inauguração do campus da Unicesumar, com investimento de R$ 50 milhões, o CTI Renato Archer e o anúncio do Instituto Federal do Paraná com 1.440 vagas. São coisas concretas que estão caminhando de forma rápida e que permitem que Londrina qualifique a sua mão de obra", analisa.
Para o economista Renato Pianowski, chefe em exercício do Departamento de Economia da UEL (Universidade Estadual de Londrina), a distância dos portos e os altos preços dos pedágios são entraves para a cidade atrair empresas de grande porte. "Precisamos resolver a questão o ILS (equipamento que auxilia no pouso de aeronaves com mau tempo), ter um porto seco mais eficiente", diz o professor. Por outro lado, ele ressalta o potencial de serviços e comércio da cidade, mas que falta dar "um banho de loja" no Centro para fazer girar mais a economia.

'Cultura de servir bem'

Quem chega a Londrina percebe a qualidade de vida daqui. Talvez o que lhe falte é divulgar melhor seus potenciais. Morador de São Paulo, o pró-reitor de pós-graduação da UniFil, Francisco Carlos D'Emílo Borges, afirma que encontrou uma cidade com serviços e instituições de qualidade de grandes centros. "A cidade tem uma cultura de servir bem. Você enxerga a evolução tecnológica nas empresas. Os serviços são diversificados em patamar de cidades globalizadas. Quem chega de fora percebe o potencial econômico e social de Londrina", elogia o professor. Segundo ele, a pluralidade de negócios, principalmente com a vocação tecnológica, é o que deve colocar a cidade no mapa de grandes centros. "Hoje, você tem empresas baseadas aqui, mas com clientes nestes grandes centros", enfatiza.

A cara jovem de Londrina

Universidades atraem jovens de vários estados
Universidades atraem jovens de vários estados | Foto: Anderson Coelho/03-12-2017



A vocação universitária de Londrina teve início entre o final da década de 1950 e o começo dos anos 1960, quando foram criados os primeiros cursos superiores que mais tarde dariam origem à Universidade Estadual de Londrina. Assim, a UEL se tornou a principal responsável pela reputação da cidade como um grande polo de ensino superior.
Segundo dados do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), Londrina conta atualmente com 12 instituições de ensino superior e vem atraindo a presença de grandes grupos educacionais.
O município tem hoje mais de 20 mil alunos matriculados no ensino superior presencial, somadas as instituições públicas e particulares. Mais da metade deles estuda na UEL. A universidade estadual tem 12 mil estudantes nos cursos de graduação. Os números do vestibular de 2017 dão uma indicação de onde vem essa multidão que dá uma cara jovem à cidade.
Dos 21.627 candidatos inscritos, 62% eram do Paraná, 30,6% de São Paulo, 0,52% de Santa Catarina, 0,30% do Rio Grande do Sul e 6,43% de outros estados. "Se a UEL não existisse, Londrina teria ficado até o início dos anos 2000 sem ensino superior público. E a criação das instituições particulares foi estimulada por um contingente de alunos que a UEL não podia atender", alega a pró-reitora de graduação da UEL, Sueli Édi Rufini.
Nos seus 46 anos de história, a UEL conquistou uma importante posição no cenário nacional do ensino superior de qualidade. Dentre os muitos fatores que fizeram dela uma referência, Sueli destaca a qualificação do pessoal. "A UEL tem impacto na produção científica, tem renome, está sempre entre as melhores nos rankings. Isso foi conquistado graças a um esforço coletivo do pessoal qualificado, os técnicos, o corpo docente, os pesquisadores e os extensionistas", afirma.

PARTICULARES
Originária da antiga Faculdade de Educação Física do Norte do Paraná, fundada em 1972, a Unopar foi reconhecida como universidade em 1997. Precursora em ensino superior a distância no País, foi vendida para o Grupo Kroton em 2011 por R$ 1,3 bilhão, o que foi considerado o maior negócio em educação até aquele ano no Brasil.
Hoje, a Unopar tem mais de 800 polos de ensino a distância em todo o País e campi para ensino presencial em Arapongas, Bandeirantes, Ponta Grossa e Cascavel, além dos três de Londrina.
Também criada em 1972 como Cesulon (Centro de Estudos Superiores de Londrina), a UniFil ainda não tem status de universidade, mas conta com 19 cursos de graduação na modalidade presencial e 21 a distância, além de cinco pós-graduações.
Já a PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Paraná deu início às atividades em Londrina em 2002. E implantou o segundo curso de medicina da cidade. Cinco anos depois, Londrina ganhou um campus da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).
A expansão do ensino superior não parou por aí. Há seis meses, a Universidade Positivo anunciou ter comprado a Faculdade Arthur Thomas, criada 10 anos antes por um grupo de empresários londrinenses. E, há 15 dias, a Unicesumar inaugurou seu campus na cidade, no qual investiu R$ 50 milhões. Até o final do ano que vem, a universidade pretende oferecer 45 diferentes cursos em Londrina.
"A cidade é muito empreendedora na educação, tem uma população jovem e é também uma cidade muito jovem. Temos que fortalecer essas características porque isso nos agrega muito valor", afirma a presidente do Sinepe (Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Norte do Paraná), Maria Antonia Fantaussi.