Brasília - A pouco mais de um mês da troca de comando nacional do partido, a cúpula do PSDB vive hoje uma crise que alguns tucanos classificam como de paralisia e outros de acefalia. Depois das enormes dificuldades eleitorais que por pouco não tiraram o candidato José Serra do segundo turno da disputa presidencial, o tucanato avalia que sobraram das urnas apenas dois líderes nacionais com força e disponibilidade para comandar o partido: o próprio Serra e o senador Tasso Jereissati (CE). O drama é que, acreditam os tucanos, a força de um anula a de outro, já que os dois, concorrentes na disputa interna de poder, acabaram se digladiando.
''A dificuldade não é encontrar cérebros. Formuladores nós temos'', defende o vice-presidente nacional do partido, Alberto Goldman (SP). Mas ele admite que ninguém em seu partido sabe para onde ir nem como avançar e concorda que o tucanato ainda é inexperiente no papel de oposição. Pior, conclui que o PSDB não tem condições de se opor ao ministro Antonio Palocci, da Fazenda. ''As únicas propostas definidas desse governo são as que nós já tínhamos e defendíamos''.
Segundo Goldman, o que falta ao partido é achar o tom adequado para dar unidade aos discursos. ''Nosso drama é que somos oposição a um grupamento político que nos combateu o tempo inteiro, por conta do que chamavam práticas liberais no governo e, depois de nos derrotar, passou a aplicar nossas políticas no poder'', argumenta. ''Se o caminho deles fosse diferente do nosso, seria muito mais fácil ser oposição'', diz.