Com base parlamentar na Região Noroeste do Paraná, onde foi vice-prefeito de Umuarama (1993-1996), o novo ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB/PR) engrossa a bancada estadual no primeiro escalão do governo Temer, ao lado do ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP/PR), também deputado federal. O próprio suplente de Serraglio, Rodrigo Rocha Loures (PMDB/PR), é homem de confiança do presidente e seu assessor direto e primeiro suplente de Serraglio na Câmara. Procurado pela FOLHA, o secretário estadual da Justiça, Trabalho e Direitos Humanos, Artagão Junior, avaliou que a presença do peemedebista no Ministério deverá fortalecer o andamento dos projetos estaduais do setor.
Por e-mail, Artagão afirmou que "não tenha dúvidas que será um ministro que, apesar do seu equilíbrio e responsabilidade à frente do Ministério, desenvolverá um projeto de maior sintonia com o Estado do Paraná, até porque conhece as nossas dificuldades e projetos". Segundo o secretário estadual, Serraglio "será uma grande conquista e uma ferramenta através da qual possibilitará o Paraná desenvolver projetos ainda maiores e em maior volume do que aqueles que até aqui temos desenvolvido".
A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) comemorou a nomeação de Serraglio para o Ministério da Justiça. O presidente da ADPF, Carlos Eduardo Sobral, ressaltou a atuação do parlamentar paranaense na tramitação da proposta de emenda à Constituição (PEC 412), que trata da autonomia da Polícia Federal (PF). A matéria, que estava parada desde 2009, deve ser apreciada pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara ainda neste ano.
Segundo Sobral, Serraglio representa a esperança de fortalecimento da PF. "Os delegados federais esperam do ministro da Justiça que seja respeitada a autonomia da instituição, que tenhamos apoio para o mandato de diretor-geral da PF, para que a indicação do diretor seja por meio da indicação da Lista Tríplice, como tem acontecido com as instituições que se fortaleceram ao longo das últimas décadas".
Embora seja político filiado ao PMDB, onde também estão alvos da Operação Lava Jato, Serraglio não deve representar risco à investigação, diz Sobral. "O deputado e agora ministro sabe que a PF é um patrimônio da sociedade brasileira e vai atuar para o seu fortalecimento e para preservar sua autonomia institucional."
Adversário político de Serraglio, o senador paranaense e presidente do PMDB estadual, Roberto Requião (PMDB), publicou mensagem no seu perfil em rede social na internet criticando a escolha do presidente Michel Temer. Para o senador, "é um deputado do grupo de Eduardo Cunha (PMDB) na Câmara Federal, é como se o Cunha estivesse lá". Serraglio que foi presidente do partido no Paraná, antes de Requião, defendeu o apoio de peemedebistas ao então candidato Beto Richa (PSDB) ao governo do Estado, em 2014, contrariando a opinião do grupo de Requião, que acabou sendo lançado candidato, mas perdeu a disputa.