Curitiba - O líder do governo Beto Richa (PSDB) na Assembleia Legislativa (AL) do Paraná, Luiz Cláudio Romanelli (PSB), disse ontem que enviará nos próximos dias à Casa as cópias dos documentos da auditoria interna realizada pela Secretaria de Estado da Educação (Seed) quando da deflagração da Operação Quadro Negro, em julho de 2015. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux homologou a delação premiada de Eduardo Lopes de Souza, dono da Construtora Valor, no último dia 8 de setembro.

O empresário afirmou ao Ministério Público Federal (MPF) que o tucano e alguns de seus aliados eram beneficiados com propina de contratos irregulares. Segundo os promotores, o esquema desviou pelo menos R$ 20 milhões de obras de reforma e construção de escolas estaduais. Do total de dinheiro desviado, pelo menos R$ 12 milhões teriam sido usados para abastecer a campanha de Beto em 2014. Os citados negam as acusações.

"Pensei em fazer a entrega dos documentos hoje [ontem]. Já estão praticamente prontos. Mas decidi que farei de forma mais bem estruturada, apresentando, porque percebo também que as pessoas hoje acreditam na versão do delator, como se o problema tivesse começado agora. Na verdade, há mais de dois anos e meio foi denunciado, investigado, os bens dele [Souza] estão indisponíveis, para ressarcimento. A polícia também prendeu, por ordem judicial, o diretor da Sude [Superintendência de Desenvolvimento Educacional da Seed], Maurício Fanini [no último sábado], e creio eu que mais alguns devam ser presos. O MPF e a Justiça têm de agir nesse caso", disse Romanelli.

O pedido de informações, feito pela bancada de oposição na AL e aprovado em plenário, é endereçado à secretária de educação, Ana Seres Trento Comin, que deverá informar quais os resultados dos procedimentos, decretos e portarias com as supostas aplicações de penalidades. Os deputados querem saber também se a Seed promoveu alguma mudança na sistemática de controle interno nos setores de medição de obras e pagamentos.

"Vamos identificar claramente a responsabilidade, quem foram os agentes públicos que fizeram a liberação do recurso, como também as medidas tomadas a partir der abril de 2015, quando o governo instalou sindicâncias para identificar o que havia ocorrido na área da educação. A palavra de um delator no Brasil hoje quase virou lei. As delações infelizmente carregam também um grande conteúdo de fantasia, de mentira e de tentativa do responsável, que foi pego numa ação criminosa, se eximir no momento em que, em tese, vai ganhar um benefício da Justiça", completou o parlamentar.