O Ministério Público do Paraná (MPPR) denunciou à Justiça o deputado estadual Ricardo Arruda (PL) pelos crimes de concussão (exigir vantagem usando cargo púbico) e lavagem de dinheiro. O parlamentar, que chegou a ser alvo de uma operação de busca e apreensão em outubro do ano passado, disse que ainda não foi notificado e atribuiu a denúncia a uma perseguição política. O processo corre em sigilo na Justiça.

No dia 25 de outubro de 2023, o gabinete de Arruda na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) e a casa do parlamentar foram alvos de operação de busca e apreensão em uma investigação que apurava a possível prática de crimes contra a administração pública. De acordo com o MPPR, havia suspeitas da prática de “rachadinha”, o repasse de parte dos salários dos assessores para o deputado. Foram apreendidos computadores no gabinete e armas, supostamente irregulares, na casa do parlamentar.

O advogado Jeffrey Chiquini, que defende Ricardo Arruda, disse que o caso já foi esclarecido à Justiça. “Esses fatos já eram por nós conhecidos durante a investigação, mas tudo já havia sido devidamente esclarecido, cada valor tem origem e cada gasto foi demonstrado e esclarecido”, afirmou. “Aquilo que o Ministério Público chama de testemunhas é apenas um único acusador, insatisfeito, que foi demitido do gabinete. Todos os demais mencionados assessores não acusam, não sustentam essa infundada denúncia.”

Chiquini disse que o valor R$ 180 mil investigado pelo MPPR é referente à venda de um imóvel. “O valor de R$ 180 mil foi um imóvel que o deputado vendeu e está demonstrado e provado na investigação. O deputado antes de entrar para a vida pública havia se aposentado do mercado financeiro. Tem um histórico de vida no mercado financeiro, onde foi muito bem sucedido. Tudo tem lastro a ser demonstrado e provado.”

Na sessão de ontem da Alep, Arruda disse que ficou sabendo da denúncia por meio de uma matéria na televisão. Ele culpou supostos “esquerdistas” que atuariam no MPPR e disse que vai pedir uma investigação sobre o vazamento da informação para a Rede Globo (a denúncia foi noticiada pela RPC TV, afiliada à Globo no Paraná).

“Hoje é meu aniversário e recebo de presente mais uma matéria sensacionalista da Rede Globo”, afirmou o deputado, que fez 62 anos ontem. “O que me causa estranheza é que essa denúncia não chegou a mim, nem a meu advogado, está em sigilo absoluto. Só o juiz pode ter acesso, nem o advogado pode, mas a Rede Globo tem acesso. Vou entrar com um pedido para investigar isso, como o Ministério Público vaza isso, e com qual objetivo. Essa rede de televisão continua nessa linha de perseguir quem é de direita.”

Defensor do ex-presidente Jair Bolsonaro e conhecido por fazer discursos de ataque ao PT, Arruda disse que é perseguido pelo procurador de Justiça Mauro Sérgio Rocha. “Em todo ambiente de trabalho tem um lado podre e lá tem um grupinho que é esquerda de carteirinha, que é o ex-subprocurador Mauro Rocha. Creio eu que algum abaixo dele fica vazando informações. Vazar informação é crime e isso tem que ser apurado.”

O Ministério Público informou que não se manifestaria sobre o assunto. “Considerando que o procedimento tramita sob sigilo, em cumprimento à legislação vigente, o Ministério Público do Paraná informa que vai se manifestar unicamente nos autos”, diz a nota do MPPR. O órgão não comenta a acusação de perseguição feita pelo deputado.

Arruda é alvo de outra investigação do MPPR, em que é suspeito dos crimes de associação criminosa, peculato e tráfico de influência que teriam sido cometidos entre outubro de 2016 e 2017. Ele teria usado o cargo de deputado para interferir em decisões administrativas do governo do Paraná e teria recebido dinheiro de um empresário e de policiais militares, segundo o Ministério Público, para reintegrar policiais à corporação, impedir punições ou ajudar em promoções. O deputado nega as acusações.