O Contorno Leste de Londrina está, mais uma vez, na pauta de uma reunião em Brasília (DF). Em 2023, lideranças políticas estiveram no Ministério dos Transportes para destacar a importância de a obra sair do papel. Agora, o grupo multipartidário volta à capital federal para tentar incluir o contorno no pedágio.

A reunião desta quarta-feira (21) vai discutir os Lotes 3 e 6 da concessão, cujos projetos foram enviados pela ANTT (Agência Nacional dos Transportes Terrestres) ao TCU (Tribunal de Contas da União) no começo do ano. Ou seja, é um momento decisivo para a definição do que entra e fica de fora dos novos contratos.

A expectativa é que o ministro dos Transportes, Renan Filho,   dê uma posição favorável à inclusão do Contorno Leste de Londrina
A expectativa é que o ministro dos Transportes, Renan Filho, dê uma posição favorável à inclusão do Contorno Leste de Londrina | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

À FOLHA, o deputado estadual Tercílio Turini (PSD) lembra que na reunião feita em junho de 2023 o ministro Renan Filho (MDB) “ficou muito sensibilizado” e indicou que tentaria incluir o contorno no Lote 3. “Precisamos de um posicionamento oficial”, reforça.

Segundo o parlamentar, a expectativa é “enorme” para que Renan Filho dê uma posição favorável à inclusão do Contorno Leste.

Além de Turini, os deputados estaduais Evandro Araújo (PSD) e Luiz Cláudio Romanelli (PSD) estarão na reunião. Cobra Repórter (PSD) e Cloara Pinheiro (PSD) não devem participar. Até a tarde de terça (20), Tiago Amaral (PSD) também não havia confirmado presença.

Entre os deputados federais que representam Londrina, participarão Filipe Barros (PL), Marco Brasil (PP), Diego Garcia (Republicanos) e Luiz Carlos Hauly (Podemos). A assessoria da deputada Luísa Canziani (PSD) disse que ela deve ir ao encontro, mas até a tarde desta terça a agenda ainda não estava fechada. A deputada federal Gleisi Hoffmann (PT) fará a ponte com o governo federal.

Os vereadores Jairo Tamura (PL) e Lenir de Assis (PT), que compõem CE (Comissão Especial) de Acompanhamento do Novo Modelo de Pedágio do Paraná na CML (Câmara Municipal de Londrina), estarão em Brasília, assim como o prefeito Marcelo Belinati (PP).

Por outro lado, entidades como a Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina) e o Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil) afirmaram à FOLHA que não participarão no encontro.

AMEPAR DE FORA

Procurado pela reportagem, o presidente da Amepar (Associação dos Municípios do Médio Paranapanema), Sérgio Onofre (PSD), prefeito de Arapongas, disse que não foi convidado para a reunião.

“A Amepar não foi convidada nem para a audiência de Curitiba, nem para a reunião de Brasília. E a Amepar é contra colocar o Contorno Leste para cobrar na tarifa do pedágio. Sobe 10% a tarifa”, diz Onofre, pontuando que o ministério deveria conseguir viabilizar a obra sem causar impacto tarifário e que não há “uma vírgula” dizendo que não haverá aumento.

“O Contorno Leste é para Londrina, para beneficiar Londrina. Eu concordo e acho que tem que haver o contorno, mas acho que tem que ser uma conquista dos deputados, das classes políticas, para o governo federal fazer o Contorno Leste. Não colocar no contrato de pedágio para os outros pagarem”, critica.

IMPACTO NA TARIFA

Em outubro de 2023, o secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, entregou à Amepar um documento assinado pelo governador Ratinho Junior (PSD) confirmando o interesse do governo em incluir a obra na concessão, mas que condicionava o apoio à assinatura por parte dos prefeitos e sinalizava a possibilidade de a obra aumentar o valor da tarifa. O principal questionamento é que lideranças de outras regiões do Paraná não precisaram assinar documentos semelhantes para a inclusão de obras nos lotes do pedágio.

Por outro lado, Turini lembra que, durante uma reunião em 2021, a ANTT sinalizou que o contorno poderia sair do papel sem causar impacto no pedágio, desde que a duplicação da PR-445 fosse concluída pelo governo do Estado. A administração estadual em breve deverá lançar o edital do último trecho da rodovia, entre Lerroville e Irerê.

Se o ministro Renan Filho indicar a inclusão da obra com um possível impacto tarifário, Turini acredita ser possível contornar a situação. “Se o impacto for aquele que o ministro falou, de R$ 0,20, é um impacto muito pequeno para a importância, para o tamanho e para a necessidade da obra”, dizendo que seria uma “grande vitória” para a região de Londrina.

‘CAMINHO CONCRETO’

À FOLHA, Barros afirma que, embora uma nova reunião sobre o Contorno Leste “naturalmente volte a gerar boas expectativas em quem trabalha por essa obra sonhada há décadas para Londrina e o Norte do Paraná”, passou da hora de transformar as tratativas em um caminho concreto.

“Como comentei à Folha de Londrina logo no início deste ano, o PAC – tão propagandeado pelo governo do Lula – até agora ignorou completamente o Contorno Leste. Fala-se muito nas concessões, mas não podemos engavetar uma solução pelo programa federal de investimentos que obviamente livraria o motorista – já penalizado pela escalada da carga tributária na gestão petista – de pagar mais caro pelo pedágio”, disse.