São Paulo - A oposição ao governo Geraldo Alckmin (PSDB) na Assembleia Legislativa de São Paulo vai apostar numa eventual fragilidade da base, que teve quatro deputados citados nas delações da Odebrecht, para pedir a instalação de uma CPI para investigar obras da empreiteira no Estado.

Entre as maiores obras citadas estão a linha 2-verde do Metrô, o Rodoanel Sul e a rodovia Carvalho Pinto, todas de governos tucanos e que teriam gerado repasses ao senador José Serra e ao ministro Aloysio Nunes (Relações Exteriores), ambos do PSDB.

Alckmin também foi citado por suposto recebimento de caixa dois –o caso dele foi remetido ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), devido ao foro como governador.

Tradicionalmente, a oposição não consegue emplacar CPIs na Assembleia. São necessárias 32 assinaturas para a abertura de uma CPI. O PT tem 15 deputados e o Psol, 2.

Para o líder do PT na Casa, porém, o clima mudou com as delações. "Agora é diferente, a base fica sob suspeita [se recusar a CPI]. Por qual razão não vão querer investigar?", disse Alencar Santana Braga.

Quatro deputados da base foram citados pela Odebrecht, todos por suposto caixa dois em 2010: o líder do governo, Barros Munhoz (R$ 50 mil), o líder do PSDB, Roberto Massafera (R$ 30 mil), o ex-presidente da Assembleia Fernando Capez (R$ 100 mil) e o líder do PTB, Campos Machado (R$ 50 mil).

Na oposição, o petista João Paulo Rillo também foi citado por supostamente ter levado R$ 500 mil em 2012, quando se candidatou a prefeito em São José do Rio Preto (SP).

O PT se reuniu na manhã desta terça (18) para discutir a proposta de CPI. A ideia é unificar todos os outros pedidos de CPI apresentados recentemente e que não vingaram - como o de uma CPI da Dersa e outro para investigar o Tribunal de Contas do Estado (TCE). Para isso, buscará apoio do Psol.

O QUE DIZEM OS DEPUTADOS
Procurado, o tucano Barros Munhoz criticou a iniciativa da oposição. "Não tem nenhuma procedência, não tem nenhum cabimento, é estapafúrdio, é ridículo, é cômico, é grotesco, é infantil. Não tem nada de sério nessa proposta. É uma tentativa de politizar da forma mais boba e trágica que já vi", declarou.

Fernando Capez afirmou que, conforme o depoimento do delator, a Odebrecht não tem nenhuma relação com sua pessoa. "No mais, [sobre a criação da CPI] seguirei a orientação da minha bancada como todos os demais deputados do meu partido", disse.

Rillo, do PT, negou ter recebido caixa dois da empreiteira. "Nego veementemente ter recebido doações do grupo Odebrecht e confio nas investigações para esclarecerem falsas acusações sobre uma prática que venho publicamente repudiando ao longo da minha vida política", disse, em nota.

A reportagem não conseguiu localizar Massafera e Campos Machado.