Em mais um capítulo do aprofundamento das divisões internas do PSDB, o diretório do partido na cidade de São Paulo divulgou uma nota neste domingo (20) em que "repudia veementemente" qualquer tentativa de articulação política entre o senador Aécio Neves (MG) e o presidente Michel Temer (PMDB). Ambos tiveram um encontro que não estava previsto na agenda presidencial na noite da última sexta-feira (18).
"A presença de Aécio Neves hoje, em reuniões internas ou públicas, só nos causa desconforto e embaraços. Prove sua inocência, senador, e aí sim retorne ao partido", diz o comunicado do diretório, publicado pelo vereador Mario Covas Neto, presidente do PSDB paulistano.
"Que fique claro: quem pode falar em nome do PSDB é quem está no exercício da presidência. No caso, o senador Tasso Jereissati", acrescenta a nota.
Aécio se licenciou da presidência da legenda em maio, após ter sido gravado pelo empresário Joesley Batista pedindo R$ 2 milhões, e foi alvo de denúncia da Procuradoria-Geral da República ao STF (Supremo Tribunal Federal). Em seu lugar, Jereissati assumiu interinamente (CE). O grupo ligado a Aécio e ministros tucanos do governo Temer tem criticado decisões tomadas por Jereissati, como um programa partidário em que se refere ao atual sistema de governo como "presidencialismo de cooptação" e defende o parlamentarismo.
Esse grupo se movimenta para que Aécio reassuma o comando da sigla. O senador tem se reunido com o presidente Michel Temer nos últimos meses, e faz parte da ala que defende que os tucanos continuem no governo federal. Já Tasso tem defendido que o PSDB entregue os quatro ministérios ao Palácio do Planalto. Em São Paulo, o prefeito João Doria critica publicamente a permanência de Aécio no comando do partido.