Disputa pela sucessão na Prefeitura de Londrina promete ser acirrada e equilibrada
Disputa pela sucessão na Prefeitura de Londrina promete ser acirrada e equilibrada | Foto: Roberto Custódio

Aos poucos, ainda em meio à janela partidária, o cenário eleitoral de Londrina vai ficando mais claro. Um movimento importante na última semana foi o anúncio, feito pelo prefeito Marcelo Belinati (PP), de que a secretária de Educação, Maria Tereza Paschoal de Moraes, é sua pré-candidata à sucessão. Mas, desde o último mês, os possíveis postulantes ao cargo de prefeito estão ficando mais consolidados.

O presidente da Cohab-Ld (Companhia de Habitação de Londrina), Bruno Ubiratan, se filiou ao PL e hoje é o pré-candidato da legenda, que tem o deputado federal Filipe Barros como liderança na cidade. O deputado federal Diego Garcia, presidente do Republicanos de Londrina, é pré-candidato pela agremiação; ainda entre os federais, a deputada Luísa Canziani (PSD) mantém sua vontade de concorrer em outubro.

A situação dos pessedistas, que contam com a liderança do governador Ratinho Junior, ainda é incerta, uma vez que os deputados estaduais Tiago Amaral e Cloara Pinheiro podem ser escolhidos para concorrer pelo PSD.

Outra mudança importante nos últimos dias foi a anuência estadual e federal que o deputado Tercílio Turini recebeu para deixar o PSD. A tendência é que ele se filie ao MDB, também com o objetivo de concorrer à Prefeitura.

Para além de Maria Tereza e Ubiratan, outro nome da gestão municipal que se mantém como pré-candidato é o vice-prefeito João Mendonça (Podemos), mesmo sem o apoio expresso de Belinati.

Também já anunciaram pré-candidaturas a vereadora Mara Boca Aberta, pelo Avante; o professor André Trindade, pelo União Brasil; o ex-comandante do 5° BPM, coronel Nelson Villa, pelo PSDB, apesar de ainda não ter se filiado; o ex-prefeito Barbosa Neto (PDT); o ex-vereador Rodrigo Gouvêa (PV); e a educadora Isabel Diniz (PT).

A advogada eleitoral Fernanda Viotto explica que a janela partidária - que começou no último dia 7 e segue até 5 de abril - é o momento em que o cenário dos municípios fica mais claro. É nela que os vereadores - no caso das eleições municipais - podem trocar de partido sem perder o mandato. E essas mudanças também dão a tônica da disputa majoritária.

“Uma coisa importante para a gente lembrar é que, até o início da campanha eleitoral, o mais importante que um partido precisa fazer é deixar seu pré-candidato conhecido”, pontuando que as legendas de Londrina “já estão se posicionando”, à exceção do PSD, que não indicou seu pré-candidato.

‘FATOR BELINATI’

Para Viotto, o prefeito de Londrina teve uma situação “muito agradável” para definir seu apoio à sucessão, já que a gestão tem aprovação alta e vários nomes surgiram como opção. “Isso facilitou com que ele tivesse um tempo maior para maturar essa decisão, e eu acredito que ele tomou essa decisão [pela Maria Tereza] baseada em pesquisas, avaliando o trabalho de cada secretário”, diz. “Eu acho que ele viu na Maria Tereza uma sucessora muito parecida com ele.”

Inclusive, a advogada lembra que Londrina, em seus 90 anos, nunca teve uma prefeita ou vice-prefeita, e que a presença feminina na disputa pelo Executivo será um ponto importante.

“Para ter um país de fato democrático, a gente precisa aumentar a representatividade feminina no poder, nos espaços políticos”, afirma.

Com lideranças diversas articulando pré-candidaturas, Viotto avalia que a eleição em Londrina não deverá ter favorito. “Não é uma campanha como foi a reeleição do Marcelo [em 2020]. É uma campanha com novos nomes, acho que isso é bem importante, isso dificilmente aconteceu em Londrina”, acrescenta.

JULGAMENTO DE MORO

Marcado para o dia 1° de abril, o julgamento do senador Sergio Moro (União Brasil) pode trazer impactos para a eleição de Londrina. Ele enfrenta, no TRE-PR (Tribunal Regional Eleitoral do Paraná), uma ação judicial que aponta suposto abuso de poder econômico durante a pré-campanha de 2022. As representações são movidas pelo PL e pelo PT.

Viotto lembra que a figura do pré-candidato André Trindade é muito ligada à do senador. Além disso, uma possível eleição suplementar deve movimentar o tabuleiro político.

Com a janela partidária caminhando para suas duas últimas semanas, algumas alianças devem se consolidar - inclusive com vereadores podendo ocupar a posição de vice na disputa majoritária, ou até tentando concorrer ao Executivo.