A Corregedoria da Polícia Civil do Paraná (PCPR) vai investigar o deputado estadual Tito Barrichello (União Brasil) por ter supostamente feito uma operação policial ilegal em Curitiba, na noite da quinta-feira (21). Licenciado do cargo de delegado, o parlamentar divulgou em uma rede social um vídeo em que anunciava a “operação”, não autorizada pela PCPR, para supostamente cumprir um mandado de prisão. Ele apareceu ao lado da mulher, a também delegada licenciada Tathiana Guzella, armado com um fuzil. Os dois usavam coletes com a insígnia da Polícia Civil.

Delegado da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa em Curitiba, Barrichello está licenciado desde 2023, quando assumiu o cargo de deputado estadual. Tathiana Guzella, que também é delegada, está licenciada e atua como secretária parlamentar do deputado federal Fernando Francischini (União Brasil) em Brasília, com salário bruto de R$ 8.819,32.

“Estamos trabalhando porque buscamos o cumprimento de um mandado de prisão relacionado a um grande advogado aqui de Curitiba que foi vitima, aparentemente, de uma tentativa de homicídio”, diz Barrichello no vídeo, que foi apagado posteriormente das redes sociais do deputado. “A gente não conseguiu por enquanto, mas a gente vai continuar procurando”, afirma Tathiana Guzella na gravação.

A assessoria da Polícia Civil informou que a “operação” foi feita sem conhecimento da instituição e que uma terceira pessoa participou da ação. “Um dos servidores está em licença para exercício de mandato parlamentar e os outros dois estão à disposição de outros órgãos, portanto, não atuam em nome da PCPR. Nenhuma das 'operações' realizadas era de conhecimento ou possuía a anuência da Polícia Civil. Os fatos estão sendo analisados pela Corregedoria da PCPR para verificação da existência de irregularidades”, diz a nota da Polícia Civil.

Barrichello disse que foi informado na quinta-feira, por um líder religioso, que um advogado de sua igreja sofria ameaças de morte por atuar em um caso de violência doméstica. O autor das ameaças, segundo o deputado, teria sido contratado para matar o advogado e sua cliente, que também é advogada. “Fomos até a residência desse criminoso, chegando lá eu bati palmas, fui com o meu veículo e armamento próprio, colete balístico próprio”, afirmou o deputado. “O irmão dele disse que ele não estava na casa e fomos embora, não invadimos a residência.” O deputado argumentou que teria cometido o crime de prevaricação se não tivesse agido. “Continuo policial, sou obrigado a agir.”

Na sessão desta segunda-feira (25) da Alep (Assembleia Legislativa do Paraná), o deputado Renato Freitas (PT) chamou a suposta operação de “pataquada”. “A sua causa pode ser a mais nobre possível, mas não justifica o senhor fazer as vezes de policial. O senhor não está policial, licenciou-se quando se empossou deputado. Quer o poder das armas e o poder da caneta, da política? Resulta em uma ‘pataquada’ como essa operação-teatro, usando armas de calibre restrito.”