Pesquisa revela baixa escolaridade de vereadores
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segunda-feira, 07 de agosto de 2017
Loriane Comeli<br>Reportagem Local
Uma pesquisa inédita realizada pela Uvepar (União dos Vereadores do Paraná) revela que 12,3% dos parlamentares eleitos em 2016 não completaram o ensino fundamental. A Constituição Federal impede que políticos analfabetos disputem cargos eletivos. O percentual representa 476 vereadores. Entre eles, há 16 parlamentares que apenas sabem ler e escrever. "É um número significativo e preocupante", afirmou o presidente da Uvepar, Júlio Makuch (PSL), ex-vereador em Prudentópolis (Sudeste).
A pesquisa também revela que 717 vereadores concluíram apenas o ensino fundamental (até o nono ano). O maior índice é de parlamentares que se formaram no ensino médio 40,9%, ou 1.550, seguido de vereadores com ensino superior completo, cujo percentual é de 28,6%, correspondente a 1.111 membros das câmaras municipais do Paraná. A título de comparação, em Londrina, segundo os dados apresentados ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), 12 vereadores têm ensino superior completo; cinco concluíram o ensino médio; e dois têm ensino fundamental completo. "Por uma série de fatores, a menor escolaridade se observa especialmente nas cidades menores", disse Makuch.
Para tentar elevar a escolaridade dos vereadores e consequentemente melhorar a representatividade nas câmaras, a Uvepar deverá firmar, em setembro, convênio com a Seed (Secretaria Estadual de Educação) e com a Fomento Paraná e oferecer vagas aos parlamentares na educação formal. "Primeiramente, queremos levar esses vereadores que não completaram o ensino fundamental a concluir essa etapa. Depois, os que não concluíram o ensino médio", disse, lembrando que os vereadores estão sendo incentivados a se inscrever, até 31 de agosto, no programa EJA (Educação de Jovens e Adultos).
Outra linha do projeto é oferecer aos vereadores a possibilidade de fazer o curso superior de Gestão Pública, em universidades públicas ou por meio de convênio com faculdade particular. "A ideia é melhorar a escolaridade de todos os vereadores em todos os níveis", disse Makuch. "Qual o discernimento do vereador sem sequer o ensino fundamental completo para interpretar uma lei mais complexa? A falta de escolaridade atinge sua independência, limita a atuação do vereador."
OUTRAS DEFICIÊNCIAS
A pesquisa feita pela Uvepar, que abrangeu as câmaras dos 399 municípios paranaenses, também constatou deficiência de equipamentos básicos para o trabalho, como móveis e computadores, e falta de cursos de atualização para servidores. Além disso, metade dos legislativos do Estado não tem prédio próprio funcionam em prédio cedido pela prefeitura ou alugado.
Esses problemas impactam diretamente na transparência de dados que deveriam estar facilmente acessíveis à população. A constatação é de 27% das câmaras municipais do Paraná têm problemas relacionados ao Portal da Transparência.
Para melhorar a qualidade técnica, a parceria entre a Uvepar e governo do Estado, a ser oficializada em setembro, também prevê o repasse de R$ 25 mil a R$ 50 mil, a fundo perdido para cada Câmara do Paraná, somando aproximadamente R$ 12 milhões. "O acordo de cooperação está adiantado e a previsão é assinarmos o convênio em setembro", disse Makuch. Entretanto, a Uvepar, que tem 180 câmaras associadas, ainda não pesquisou o custo das câmaras ou custo de cada vereador.
Outro dado apontado por Makuch, que é atualmente é assessor parlamentar em Brasília, é que a renovação nas câmaras do Paraná nas últimas eleições foi de 70%. "São dados que não tínhamos e que com eles podemos fazer ações mais direcionadas a melhorar a qualidade dos legislativos municipais", finalizou.