"Estou tranquilo em relação a qualquer acusação, todos meus processos são transparentes", garantiu o presidente da Câmara, Mario Takahashi (PV)
"Estou tranquilo em relação a qualquer acusação, todos meus processos são transparentes", garantiu o presidente da Câmara, Mario Takahashi (PV) | Foto: Fotos: Marcos Zanutto



O vereador afastado Rony Alves (PTB) foi o primeiro dos 11 investigados pela Operação ZR-3 do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) a comparecer ao Creslon (Centro de Reintegração Social de Londrina), na zona leste, para instalação da tornozeleira no início da tarde dessa quarta-feira (24). De acordo com o advogado de Alves, Maurício Carneiro, a defesa ainda não teve acesso ao processo para poder tomar decisões para entrar com recurso na Justiça. "Eu conversei com ele (Rony) e ele está muito tranquilo, não cometeu nada ilícito, nada irregular, nada de imoral. Nós precisamos saber o que se trata, se alguém envolveu o Rony de forma indevida", disse Carneiro. A defesa pediu ao Ministério Público acesso às informações da investigação.

O presidente da Câmara Municipal de Londrina, Mario Takahashi (PV), também cumpriu a medida cautelar imposta pela Justiça. Ele negou qualquer envolvimento no suposto esquema e disse que não obteve acesso ao teor da denúncia. "Pegou a todos nós de surpresa, a mim de surpresa", disse logo após receber o equipamento de monitoramento eletrônico ontem no fim da tarde. Takahashi refutou qualquer suspeita atitude ilegal nos projetos de lei de mudança de zoneamento apresentados na Casa. "É uma prerrogativa dos vereadores apresentação desses projetos. Estou tranquilo em relação a qualquer acusação, todos meus processos são transparentes, são probos em relação a propositura e estão abertos para investigação."

Na residência e no gabinete dos vereadores foram cumpridos mandados de busca e apreensão. O Gaeco apreendeu os celulares e os computadores dos dois envolvidos. Também na tarde de ontem o assessor do vereador Rony Alves, Evandir Duarte de Aquino, recebeu a tornozeleira. "A gente não sabe de nada que está sendo investigado", disse Aquino ao entrar no prédio do Creslon.

A defesa de Rony Alves (PTB) afirma que o vereador "está muito tranquilo, não cometeu nada ilícito, nada irregular, nada de imoral"
A defesa de Rony Alves (PTB) afirma que o vereador "está muito tranquilo, não cometeu nada ilícito, nada irregular, nada de imoral"



AFASTADO
O procurador-geral do Município de Londrina, João Luiz Esteves, informou que, em virtude da Operação ZR3, afastou o ex-secretário municipal de Obras e diretor de Loteamento da secretaria Ossamu Kaminagakura, que é servidor efetivo da secretaria. Em nota encaminhada pela assessoria de imprensa da Prefeitura de Londrina, informou que a atual gestão está auxiliando o Gaeco no que é necessário à investigação. E ainda que, por correr em segredo de Justiça, "todas as informações requisitadas serão enviadas diretamente ao Gaeco e ao juízo da 2ª Vara Criminal, que comandam o processo de investigação".

Os demais investigados devem cumprir medida cautelar até a manhã desta quinta-feira (25). A FOLHA não conseguiu contato com a defesa de Kaminagakura e dos demais investigados: a ex-presidente do Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina) Ignes Dequech Alvares; o ex-secretário municipal do Ambiente, empresário e membro do CMC Cleuber Moraes Brito; o empresário e também membro do conselho Luiz Guilherme Christino Alho; e os empresários Brasil Filho Theodoro Mello de Souza, José Lima Castro Neto, Homero Wagner Fronja e Vander Mendes.

GESTÃO KIREEFF
O ex-prefeito de Londrina Alexandre Kireeff (PODE) disse que acompanhou pela imprensa a notícia de envolvimento de dois ex-secretários da sua gestão envolvidos no suposto esquema de corrupção ocorrido na Câmara. Brito foi secretário de Ambiente por um período de alguns meses e Dequech foi presidente do Ippul na sua gestão. "Se eu tivesse qualquer tipo de conhecimento desse esquema eu tomaria todas as medidas apropriadas para denunciar."

O ex-prefeito não é alvo de investigação do Gaeco, entretanto, disse estar disposto a colaborar caso seja convocado a prestar depoimento como testemunha. "É triste, mas é bom. É importante que isso aconteça. Quem pisa na bola tem que ser investigado e julgado. A gente torce para que haja punição."

A investigação apura irregularidades entre 2013 e 2017, período que abrange a antiga e atual legislatura.