Recém-eleito presidente da Câmara Municipal de Londrina (CML), Emanoel Gomes (Republicanos) prega um discurso conciliador para conduzir o Legislativo local no biênio 2023/2024. Plano Diretor, reforma do prédio do Legislativo, pautas de costumes, indicações para cargos de confiança e até ideias que costumam gerar polêmicas, como a ampliação do número de assessores dos vereadores. Em entrevista exclusiva à FOLHA, Gomes, obreiro da Igreja Universal e em seu terceiro mandato como vereador, comenta suas perspectivas e projetos para a Casa a partir do próximo ano. O parlamentar foi eleito tendo na Mesa Executiva vereadores da base do prefeito Marcelo Belinati (PP), derrotando Giovani Mattos (PSC), que atua como opositor ao chefe do Executivo.

FOLHA - Quais devem ser as grandes pautas do Legislativo em 2023?

Emanoel Gomes - Nós começamos agora o projeto da [reforma do prédio] da Câmara de Vereadores. E acredito que esse é um dos desafios, porque nós vamos precisar desocupar esse espaço. Nós temos a questão da Procuradoria da Mulher, que é um projeto também muito importante aqui para a Casa. Temos a questão do banco de alimentos. Nós aprovamos aqui na Casa e o Executivo agora precisa executar isso.

Eu tenho uma Mesa [Executiva] muito diversa. Nós temos ali cinco vereadores de partidos diferentes. Eu vou conversar com os 19 vereadores. A Câmara de Vereadores é autônoma e ela vai continuar sendo. O que é bom para a cidade será votado. E nem sempre o que é bom vem com perfeição.

Também em 2023, os vereadores devem votar as leis complementares do Plano Diretor. Já vimos no passado situações de alterações pontuais dessas normas para atender interesses particulares. Qual tem de ser o papel do Legislativo nesse debate?

Nós temos que pensar a cidade num todo. Não adianta nós fazermos desse Plano Diretor uma colcha de retalhos. Eu sou contra isso. Londrina é uma cidade de 600 mil habitantes e nós estamos progredindo a cada dia. Tem que ter ciclovia sim, tem que ter acessibilidade sim.

Acho que o debate tem que ser em conjunto. Eu, por exemplo, não sou técnico com relação a questão do urbanismo, mas nós temos pessoas técnicas que vão também nos dar subsídio. Se em Londrina, tempos atrás, aconteceram coisas ruins, nós não podemos prejudicar o futuro por que aconteceram coisas ruins no passado.

Você poderá nomear uma série de cargos comissionados por estar na presidência. Como deve ser a composição dessa equipe? Critérios técnicos? Indicação política?

Vou falar primeiro do meu gabinete. Não vou abrir mão dessas pessoas. Procurador, o Miguel Aranega permanece. Gosto do trabalho dele. Com relação ao diretor, está em aberto ainda. Porque eu quero trazer uma pessoa técnica.

Com relação aos [demais] cargos, tem alguns desses espaços que essas pessoas já têm desempenhando um papel fundamental. Vão permanecer pelo trabalho que têm feito pela Casa. E vou, à medida do possível, preencher essas lacunas, porque nós precisamos fazer com que as comissões temáticas da Casa, que é o setor que estuda os projetos, precisam estar muito bem amparadas.

Se eu pudesse ter um espaço dentro da Casa que eu pudesse colocar ali 19 pessoas, uma pessoa em cada gabinete para poder ajudar esse vereador, eu digo que faria. As comissões [permanentes] sugam demais dos vereadores. Nós somos alvejados constantemente com pedidos da população. Se nós não tivermos uma assessoria para atender, para ir lá na secretaria cobrar o secretário... A gente tem que ter pessoas assim.

É essa a minha visão. Não tenho conchavos, não tenho acertos. “Ah, mas você é um vereador de centro, de direita”. Gente, eu sou ponderado. Tudo que é em excesso é ruim. Quero ter comigo pessoas pensantes. Pessoas que eu não vou rotular pelo partido em que está.

Pautas ligadas a costumes foram bastante apresentadas nesse primeiro biênio. E existem críticas sobre a falta de finalidade prática dessas matérias diante de outros problemas da população. O que esperar dessa relação entre demandas mais urgentes da comunidade e matérias que por vezes não são de responsabilidade do Legislativo local, e sim do Congresso?

Eu acredito que nós podemos otimizar isso através do diálogo com os vereadores Quando você conversa mais, consegue diluir mais isso. Por meio do diálogo, nós vamos para o plenário já com um posicionamento um pouco mais definido. Nós vamos respeitar isso, mas procurar ser mais pragmáticos.

Então, ao dinamizar o processo legislativo, é possível tirar dos holofotes pautas de costumes que, apesar de terem mais repercussão midiática, costumam apresentar pouco efeito prático?

Essas pautas são inevitáveis. E qual é o foco que nós vamos dar a isso? Tem situações em plenário que eu vejo o pessoal se exaltar, que eu vejo que é desnecessário. Acho que, dentro da conversação, a gente consegue restringir isso.

A reforma a ser feita em 2023 não vai ampliar a CML, mas anteriormente falou-se até de construir um prédio anexo. A ideia não foi levada adiante. Para o futuro, essa estrutura é necessária?

Eu não debati isso com a Mesa, mas, na minha posição, eu acredito que sim. Nós precisamos de um anexo futuro. Talvez eu não participe disso, mas que os próximos presidentes que passarem possam ter essa visão. A gente poder ter o anexo para, na minha visão, ter ali os gabinetes e usarmos essa estrutura que temos atualmente aqui para reuniões grandes com a sociedade. A Câmara poderia ser mais usada pela população.