Recife - O presidente Lula (PT) fez afagos aos militares durante agenda nesta sexta-feira (19) no Recife. O petista enalteceu ações ambientais das Forças Armadas ao mencionar a área onde será construída uma Escola de Sargentos na região metropolitana da capital pernambucana.


"Sei da vocação e da capacidade de luta dos nossos ambientalistas. Sei de tudo isso, mas o que a gente tem que fazer é agradecer alguma coisa. Se não fosse o Exército ter essa área, ainda teria alguma árvore aqui? Ou seria tudo transformado em favela e ocupação desordenada?", disse Lula.


A construção da escola, que ficará no território de Abreu e Lima, no Grande Recife, é contestada por ambientalistas. As críticas estão relacionadas à derrubada de árvores. A pedra fundamental da obra foi lançada em 2022 pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL).


O presidente Lula, em discurso, minimizou o desmatamento. "Temos que agradecer o que vocês fizeram. Eu fui a Marambaia na semana passada. Fico pensando que, se não fosse a Marinha, aquilo teria virado um resort, quem tava lá não era quilombola e pescador, era os grãs finos do mundo inteiro fazendo casa para fazer sombra dentro do mar e depois ir tomar sol fora da praia porque não consegue mais tomar sol na praia", acrescentou.


Essa agenda de Lula a Pernambuco é tida pelos militares como um aceno de que o presidente arbitrou a disputa a favor do Exército diante de questionamentos dos ambientalistas.


Lula visitou a sede do Comando Militar do Nordeste e acompanhou a troca de comando entre generais. A presença de Lula é um gesto ao Exército. O evento contou com a participação do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, que também é pernambucano.
Além da troca de comando, Lula participou da assinatura do termo de compromisso para construção da Escola de Sargentos, na região metropolitana do Recife.


Durante o périplo pelo Nordeste, três das quatro agendas são ligadas às Forças Armadas. Na quinta (18), em Salvador, o presidente lançou um centro aeroespacial, vinculado à Aeronáutica.


Nesta sexta (19), participou da troca de comando do Nordeste e da assinatura do termo de compromisso para a Escola de Sargentos. Do Recife, o petista segue para Fortaleza, para o lançamento do futuro campus do ITA na capital cearense.


A sexta-feira do presidente foi dedicada a eventos de cunho militar. Após deixar o Recife, Lula seguiu rumo ao Ceará para o lançamento da pedra fundamental do campus do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) em Fortaleza.


Lula esteve acompanhado da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), que tem feito acenos ao presidente em indícios de uma possível aproximação futura. Também estavam presentes a senadora Teresa Leitão (PT-PE), e o prefeito do Recife, João Campos (PSB).


Participaram da cerimônia ao lado de Lula, em Ipojuca, a ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, o ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, e o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro.


Na quinta, Lula anunciou, em Ipojuca (PE), a retomada das obras da refinaria Abreu e Lima, que faz parte do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e é vista no mercado como favorável à Petrobras, por ampliar sua produção de combustíveis.


A refinaria foi um dos símbolos do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato e teve peso importante no maior prejuízo já registrado pela estatal, em 2014, fruto de baixas contábeis em investimentos que não tinham viabilidade econômica.


Também na quinta, o petista esteve em Salvador, na Bahia. A viagem pelos três principais estados do Nordeste abriu a série de roteiros que Lula promete fazer neste ano pelo Brasil. O presidente externou a aliados que quer viajar mais pelo Brasil em 2024, após priorizar a agenda internacional em 2023, o primeiro ano do mandato atual.