A vereadora Jessicão (PP) protocolou nesta quinta-feira (8) um PL (Projeto de Lei) - ainda sem número - para proibir o uso de verbas públicas nas festas de Carnaval em Londrina. Hoje, projetos recebem apoio do Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura), como é o caso do Bloco Bafo Quente, que seria realizado no próximo domingo (11) no CSU (Centro Social Urbano) da Vila Portuguesa e foi adiado.

À FOLHA, a parlamentar afirma que a proposta vem após “toda essa novela que passou relacionada ao Carnaval em Londrina”, pontuando que “há muito tempo” é solicitado que a folia ocorra no Autódromo Internacional Ayrton Senna ou em locais privados, “onde não incomode quem não gosta do Carnaval.

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“O projeto tem um único objetivo: proibir o repasse de dinheiro público, porque se existem tantas pessoas que gostam do Carnaval, então que eles cobrem ingresso e que, através desse dinheiro investido, façam a grande festa que gostam”, citando também a proibição de usar espaços públicos. “Para não incomodar as pessoas.”

A súmula do PL cita a proibição de liberação de recursos para “contratação ou financiamento de eventos carnavalesco, desfiles, comemorações, espetáculos, passeatas e marchas” na cidade.

A justificativa cita as reclamações ocorridas em 2023, quando a folia aconteceu no Jardim Botânico. “Por muitos anos tem incomodado vários moradores da região por onde passa. Enquanto para uns são dias de descanso, para outros é sinônimo de barulho, festa, bagunça”, cita na justificativa.

'DEMANDAS MAIS IMPORTANTES'

Questionada sobre o impacto da medida na tradição cultural e na economia relacionada ao Carnaval, a vereadora disse que deve ser "mínimo ou quase zero", já que a folia "agrada uma parcela mínima na população londrinense e desagrada em sua grande maioria".

"Questione para o paciente que está com dengue se ele prefere ter um atendimento mais ágil ou para uma mãe que está aflita com a ausência da GM [Guarda Municipal] nas escolas e deixa seus filhos em escolas que faltam o mínimo, como um ventilador, por exemplo, ou se preferem ir a um evento como Carnaval custeado pelo município", diz Jessicão.

"O Carnaval contempla uma parcela pequena da população. Parcela esta que não será proibida de celebrar o Carnaval, que o faça de maneira privada e com ausência de recursos públicos, uma vez que existem demandas infinitamente mais importantes", citando como exemplo as áreas da saúde, educação e segurança.

A parlamentar também acredita que o município não deve ser responsável pela promoção e preservação da cultura local, ressaltando que a atribuição precisa ser "das pessoas que se aglutinem conforme sua identidade cultural e mantenham sua tradição". (Colaborou Caroline Knup/Especial para a FOLHA).