A janela partidária terminou na última sexta-feira (5) e trouxe mudanças significativas na composição das bancadas da CML (Câmara Municipal de Londrina). Esse é o período em que os vereadores podem mudar de legenda sem correr risco de perder o mandato - e é um termômetro para as eleições municipais.

No total, dez dos 19 vereadores londrinenses trocaram de partido nas últimas semanas. Santão e Giovani Mattos, que estavam no Podemos (após incorporação do PSC), foram para o PL e PSD, respectivamente. Ailton Nantes, ex-PP, migrou para o PL, assim como o ex-pedetista Roberto Fú. Mara Boca Aberta, que estava sem partido, se filiou ao Podemos.

Os vereadores Chavão, que estava no PRD (criado após fusão do PTB com o Patriota), e Lu Oliveira, ex-PL, foram para o Republicanos, do presidente da CML, Emanoel Gomes. O parlamentar Beto Cambará, ex-Podemos, foi para o PRD. O vereador Jairo Tamura, eleito pelo PL, se filiou ao União Brasil, e o líder do prefeito, Eduardo Tominaga, deixou o PSD e ingressou no PP.

O balanço da janela mostra que o PP, do prefeito Marcelo Belinati, se consolidou como o maior partido no Legislativo londrinense, com seis cadeiras: Fernando Madureira, Matheus Thum, Flávia Cabral, Jessicão, Dani Ziober e Eduardo Tominaga.

Em segundo lugar aparece o Republicanos, com quatro vereadores: Emanoel Gomes, Deivid Wisley, Lu Oliveira e Chavão. O PL termina com três cadeiras: Santão, Nantes e Roberto Fú.

Entre os partidos com um representante estão PSD (Giovani Mattos), PRD (Beto Cambará), União Brasil (Jairo Tamura), PSB (Sonia Gimenez), PT (Lenir de Assis) e Podemos (Mara Boca Aberta).

O advogado e cientista político Marcelos Fagundes Curti afirma que, no início desta legislatura (2021-2024), os partidos considerados de centro-esquerda e centro-direita ocupavam a maioria das cadeiras, o que revelava um perfil “relativamente conservador” do eleitor londrinense.

“Considerando as mudanças partidárias ocorridas no decorrer da legislatura e, agora, mais recentemente, em decorrência da janela partidária, o espectro ideológico dos partidos que compõem a CML sofreu uma leve inclinação mais à direita. Os partidos de centro perderam espaço”, avalia.

O crescimento expressivo do Republicanos, de um para quatro vereadores, segundo Curti, pode ser atribuído a três fatores: avanço da ideologia conservadora de viés religioso entre os eleitores; esforço da legenda para ampliar sua base para 2026; e influência política do deputado federal Diego Garcia, que é pré-candidato a prefeito.

“Se mantida essa nova composição, após as eleições de outubro, poderemos estar diante do seguinte cenário político: O PP manterá sua força política na CML, situação essa que poderá traduzir-se em acréscimo no custo de governabilidade para o(a) próximo(a) prefeito(a), caso não seja eleito pelo PP, e o poder político na CML passará a ser compartilhado com outros dois partidos: PL e Republicanos”, acrescenta.

POUCOS PARTIDOS EM CENA

Outro fenômeno evidenciado na janela partidária foi a maior aglutinação de vereadores em poucas legendas - o trio PP, PL e Republicanos, por exemplo, tem 70% das cadeiras da CML. Segundo Curti, esse movimento está em consonância com a redução do número de agremiações políticas no Brasil, resultado das recentes alterações nos sistemas eleitoral e partidário.

“Se, do ponto de vista da governabilidade, a diminuição do número de partidos nominais constitui-se em vantagem para o próximo ocupante do chefe do Poder Executivo, sob o ponto de vista da representatividade, observa-se que a diminuição de partidos nominais coloca em risco o espelhamento da pluralidade das clivagens sociais”, reforça o cientista político. “Considerando que houve maior migração dos representantes políticos para os partidos de direita, podemos deduzir que o comportamento democrático do eleitor londrinense está se tornando cada vez mais conservador e menos plural.”

Curti também lembra que, à exceção do PT, os demais partidos tradicionais - como MDB, PSDB e PDT - "simplesmente desapareceram do radar da política municipal".