A Secretaria de Estado da Educação do Paraná encerrou na quinta-feira (25) as inscrições do Processo Seletivo Simplificado (PSS) para contratação de profissionais que atuarão nas escolas da rede estadual em 2019. No total se inscreveram 225.615 pessoas, em três editais diferentes.  -  Foto: Hedeson Alves
A Secretaria de Estado da Educação do Paraná encerrou na quinta-feira (25) as inscrições do Processo Seletivo Simplificado (PSS) para contratação de profissionais que atuarão nas escolas da rede estadual em 2019. No total se inscreveram 225.615 pessoas, em três editais diferentes. - Foto: Hedeson Alves | Foto: Hedeson Alves/Seed

O suposto desvio de cerca de R$ 22 milhões em recursos públicos que deveriam ser destinados à construção e reforma de escolas estaduais do Paraná entre os anos de 2012 e 2015 prejudicou, diretamente, a cerca de 20 mil estudantes da rede pública. O cálculo é da auditoria do MP-PR (Ministério Público do Paraná) e foi anunciada pelo coordenador do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), o procurador de Justiça Leonir Batisti, durante entrevista sobre a prisão do ex-governador do Paraná, Beto Richa.

Richa foi preso em caráter preventivo na manhã desta terça-feira (19). Ele, o ex-secretário de Cerimonial e Relações Internacionais Ezequias Moreira e o empresário Jorge Atherino, também detidos esta manhã, são alvos da Operação Quadro Negro, que apura a suspeita de desvios de dinheiro público destinado à secretaria estadual de Educação.

“Até o momento, os R$ 22 milhões desviados não foram recuperados pelo Estado”, afirmou Batisti, acrescentando que o MP-PR tenta recuperar parte dos valores desviados e obter punição criminal aos responsáveis. “Segundo cálculos feitos pela auditoria do Ministério Público, a não-execução das escolas prejudicou a, aproximadamente, 20 mil alunos que tiveram que se deslocar quilômetros [para frequentarem outros estabelecimentos de ensino]”, comentou o procurador.

Segundo o MP estadual, “uma organização criminosa, que contava com a participação de agentes públicos e privados, atuou na Secretaria da Educação estadual, praticando crimes de corrupção e de fraudes às licitações cujo objeto era a construção e reforma de escolas públicas estaduais”. Além disso, para acobertar as supostas práticas delituosas, o grupo teria cometido outros ilícitos, como obstrução de investigações e lavagem de dinheiro. A suspeita é que parte dos recursos públicos desviados tenham irrigado campanhas eleitorais de Richa e aliados.

Esta é a terceira prisão de Richa desde setembro de 2018. Em janeiro deste ano, ele chegou a ficar detido no Complexo Médico Penal do Paraná, localizado em Pinhais, região metropolitana de Curitiba – o mesmo para onde voltará a ser levado por determinação do juiz da 9ª Vara Criminal de Curitiba, Fernando Bardelli Silva Fischer. Atendendo a pedido do Ministério Público estadual, o magistrado autorizou as prisões preventivas de Richa, de Moreira e de Atherino, além da realização de buscas e apreensão de documentos e objetos que possam auxiliar nas investigações das denúncias. Os mandados foram cumpridos em cinco endereços ligados aos três investigados, nas cidades de Curitiba, Matinhos (PR) e em Porto Belo (SC).

OUTRO LADO

Em nota, a defesa de Richa informou que a nova prisão do ex-governador é infundada. “Tratam-se de fatos antigos sobre os quais todos os esclarecimentos necessários já foram feitos. Cumpre lembrar que as fraudes e desvios cometidos em obras de construção e reforma de colégios da rede pública de ensino foram descobertos e denunciados pela própria gestão do ex-governador Beto Richa”. A defesa sustenta que, por determinação de Richa, o governo estadual adotou todas as medidas cabíveis contra os autores dos crimes. “A defesa repudia o processo de perseguição ao ex-governador e a seus familiares; todavia, segue confiando nas instituições do Poder Judiciário.”

A defesa de Jorge Atherino informou que está se inteirando do teor da decisão judicial e que não vai se pronunciar por ora. A reportagem não obteve retorno do escritório dos advogados de Ezequias Moreira.

O coordenador do Gaeco afirma não ter dúvidas quanto à participação dos suspeitos e de que o ex-governador Beto Richa comandava a “organização criminosa” investigada por corrupção ativa e passiva, fraude à licitação, organização criminosa e obstrução de investigações. “No âmbito da Operação Quadro Negro não resta dúvidas. Inclusive porque está tudo expresso na denúncia [apresentada à Justiça]”.