Três dias depois da suspensão da greve dos professores da rede estadual, o governo do Paraná encaminhou ofício, nessa quinta-feira (3), à Assembleia Legislativa (AL) para retirar o artigo 33 da emenda feita à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), reabrindo o canal de negociação sobre a data-base da categoria. A medida havia sido acertada em reunião do Executivo com o comando de greve na semana passada e foi determinante para a interrupção do movimento dos trabalhadores.

O texto suprimido era o principal gerador do impasse entre as partes porque representava o recuo do governador Beto Richa (PSDB) em relação à proposta apresentada no ano passado, para acabar com a greve do funcionalismo, de pagar a recomposição inflacionária no mês de janeiro de 2017. Alegando mudanças nas condições econômicas, o governo emendou a LDO e retirou a previsão orçamentária para o pagamento. Segundo o deputado estadual Luiz Claudio Romanelli (PSB), líder do governo na AL, "o governo cumpre o que se comprometeu e abre o canal de negociação". "Contudo, já se sabe que não haverá condições de pagar em janeiro, conforme estava colocado, pois a economia se deteriorou. Quando foi feita a proposta, a previsão era de crescimento nacional de 3%, mas pelo contrário, a economia regrediu 3,5%", justificou.

A medida do governo ganhou elogios até da oposição, embora o deputado estadual Tadeu Veneri (PT), mantenha a cautela. "Esse é o caminho, mas não significa que o governador não possa reapresentá-la (a emenda), o que seria muito irresponsabilidade." Segundo Veneri, "se retirou o artigo, é provável que o governo tenha alguma proposta para a categoria".

Para Romanelli, o fim da greve e a mudança no texto da emenda à LDO pode pacificar o diálogo. "Ninguém aceitava negociar com a faca no pescoço. O governo não aceitava a greve e os servidores não aceitavam a manutenção do texto."