Criado pelo governo do Paraná no mês de abril de 2015, o canal exclusivo para denúncias de casos de corrupção envolvendo servidores estaduais recebeu até agora apenas cinco notificações que resultaram em apurações administrativas. Conforme a Controladoria Geral do Estado (CGE), as sindicâncias correm em sigilo e devem ser divulgadas caso sejam confirmados os indícios da participação dos agentes nos crimes citados.
Embora o canal "denuncie corrupção" seja bastante acessado pela população, a maioria dos casos relatados são reclamações sobre o atendimento no serviço oferecido em órgãos públicos do Paraná e acabam direcionados à Ouvidoria. De acordo com o controlador-geral em exercício, Gerson Luiz Ferreira Filho, chegam por mês, em média, cem denúncias, porém, a maioria não caracteriza atos de corrupção. "São denúncias de empresas que não fornecem nota fiscal, mal atendimento em postos de saúde, professores com atividades estranhas ao seu trabalho na escola... Corrupção na verdade é aquilo que traz prejuízo ao erário e envolve o ganho de terceiros", disse. Na avaliação de Ferreira Filho, "a população não assimilou ainda esse canal".
Para alavancar o serviço e incentivar a sociedade a denunciar possíveis irregularidades com o dinheiro público, o controlador-geral em exercício informou que o governo vai organizar campanhas de esclarecimento. "Vamos divulgar esse mecanismo e agora em fevereiro vamos abrir o nosso sistema de informação nos 399 municípios, aproveitando a estrutura do espaço cidadão, desenvolvido em parcerias das prefeituras com o governo do Estado." Ferreira Filho lembrou, ainda, que muitas pessoas temem a divulgação do nome ao fazer uma denúncia, "mas essas informações são sigilosas e só podem ser divulgadas com medida judicial".
O "denuncie corrupção" foi lançado pelo governo em meio às investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), de Londrina, na Operação Publicano, cuja primeira fase foi deflagrada há dois anos, revelando esquema de cobrança de propina por agentes fiscais da Receita Estadual. A ação atingiu metade dos integrantes do órgão em Londrina e membros de outras delegacias do Paraná.
Denúncias podem ser feitas pelo site www.denunciecorrupcao.pr.gov.br ou clicando no banner "Denuncie Corrupção", disponível em todos os portais do governo. As equipes da CGE farão uma análise das informações, para enviá-las ao órgão em que o agente esteja lotado para que seja aberta uma sindicância. Se for comprovada, abre-se então um processo administrativo e a investigação será encaminhada ao Ministério Público (MP) ou a uma delegacia.