Brasília Na tentativa de desfazer a imagem de imobilismo que cerca o governo, o Palácio do Planalto prepara a ''Operação 1º de Maio'' um pacote de notícias de impacto para divulgação no Dia do Trabalho. Além do lançamento do programa Primeiro Emprego, o governo pode anunciar, antecipadamente, o reajuste de pensões e aposentadorias acima do salário mínimo. O ato ganhará significado especial com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no palanque. Revivendo seus velhos tempos de sindicalista, Lula deverá comparecer à comemoração em Mauá, cidade administrada pelo PT, no ABC paulista.
''Vou onde me convidarem'', garante o presidente, para desespero de seus seguranças. ''Onde tiver uma aglomeração de trabalhadores, estarei lá.'' Luiz Marinho, que comanda o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e vai dirigir a CUT, diz esperar o antigo companheiro na grande festa. ''Estamos contando com isso'', afirma ele.
Berço do PT, o ABC poderá ser o palco do lançamento do Primeiro Emprego um programa que tem como público-alvo jovens com idade entre 16 e 24 anos. O projeto vem sendo planejado nos mínimos detalhes para não ser alvo de críticas, como o Fome Zero. Está quase fechado, faltando apenas a definição sobre a renúncia fiscal, que, na prática, significa a redução de impostos. O governo estuda a possibilidade de conceder o benefício às empresas que se comprometerem a reservar vagas para jovens.
Em reunião realizada no Palácio do Planalto, na sexta-feira, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, pediu a seus colegas que não deixem nenhum ''furo'' no programa. O recado, em outras palavras, é o seguinte: Lula não quer criar expectativa demais e ação de menos.
O ministro do Trabalho, Jaques Wagner, disse que a negociação com as empresas, principalmente com as indústrias automobilística, de alimentos e de tecidos, ''está bastante adiantada''. O Executivo também dará sua contribuição: pelo menos nove ministérios com 21 programas diferentes vão oferecer vagas para jovens. A estimativa é de que sejam abertos 100 mil postos de trabalho.
''Vamos vincular o Primeiro Emprego com o combate à violência'', afirmou o secretário nacional de Direitos Humanos, Nilmário Miranda. ''Nossa tarefa, agora, é rediscutir ações e métodos.''
O Ministério da Fazenda tem um papel importante nas medidas que serão anunciadas. Dependerá do ministro Antônio Palocci Filho o montante da renúncia fiscal a ser concedido e isso poderá levar a uma adesão maior ou menor das empresas.
''Há pouca margem de manobra para a administração do Orçamento, mas continuamos procurando reduzir o custeio de toda a máquina pública, sem prejudicar a ação social do governo'', argumenta Palocci.